A economia brasileira pode crescer apenas 0,8% neste ano de 2020, caso siga o mesmo ritmo de recuperação do ano passado. O cálculo é do Ministério da Economia e reflete a desaceleração econômica registrada no último trimestre do ano passado, quando o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,5%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Com o resultado do PIB do quarto trimestre de 2019, o carry-over (efeito carregamento estatístico) ficou em 0,8% para 2020. Isto significa que, se o PIB ajustado sazonalmente mantiver esse mesmo nível do 4º Trim. 2019 ao longo de 2020, haverá crescimento de 0,8% do PIB neste ano", afirmou o Ministério da Economia, em nota divulgada à imprensa na manhã desta quarta-feira (4/3), pouco depois da divulgação do PIB de 2019 pelo IBGE.
A pasta, que é comandada por Paulo Guedes, frisa, no entanto, que esse cálculo leva em conta apenas as estatísticas. Desconsidera, portanto, os movimentos que podem impactar a economia brasileira neste ano, sobretudo o coronavírus, que pode puxar a atividade para baixo, e as reformas econômicas, que podem recuperar o ânimo dos investidores.
Recessão
Admitindo que o início do ano está sendo marcado pelo temor de que o coronavírus coloque o mundo em uma nova onda de recessões, o Ministério da Economia defende, então, a continuidade das reformas econômicas e do ajuste fiscal como uma forma de compensar os efeitos da desaceleração mundial na economia brasileira neste ano.
"A epidemia tornou o cenário para o crescimento deste ano mais desafiador, ao reduzir as perspectivas de crescimento mundial e adicionar incertezas acerca da evolução dos termos de troca à frente. [...] Por outro lado, alguns fatores contribuirão para um crescimento maior neste ano. Do ponto de vista estrutural, as medidas que buscam melhorar a alocação de recursos na economia tendem a produzir efeitos maiores, dada a natureza de tais transformações. A consolidação do ajuste fiscal também deverá permitir a continuidade do processo de substituição do setor público pelo setor privado", afirmou a pasta, que também espera ver uma alta do investimento privado neste ano em consequência da continuidade das reformas e dos juros baixos.
"A continuidade do ajuste fiscal, o encaminhamento de reformas estruturais e as medidas adicionais de correção da má alocação dos recursos na economia foram fundamentais para pavimentar um caminho de maior crescimento e seus efeitos devem repercutir com maior intensidade nos próximos anos", afirmou o Ministério da Economia.