O desempenho da economia brasileira no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro será conhecido hoje. O mercado prevê que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2019, que será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), virá abaixo das expectativas e da expansão de 1,3% registrada em 2018 e 2017. A aposta dos analistas é de que o PIB tenha crescido 1,1% no ano passado, com avanço ainda mais baixo, entre 0,4% e 0,6% anuais, no último trimestre do ano.
O índice deve afetar as projeções da economia para 2020, que já têm sido revistas para baixo por conta dos impactos econômicos do coronavírus. “O resultado do quarto trimestre é mais importante do que o de 2019 em si, porque influencia o início deste ano”, explicou o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal.
Ele lembrou que o último trimestre de 2019 apresentou resultados negativos em alguns dos principais setores econômicos. Comércio e serviços, por exemplo, fecharam no vermelho em dezembro, mesmo com as vendas do Natal. A indústria também.
O baixo crescimento da economia brasileira em 2019, por sua vez, explica-se por uma série de fatores. Entre eles, a incerteza em torno das reformas econômicas, que retardou investimentos; a desaceleração da economia argentina, que reduziu as exportações brasileiras; o desastre de Brumadinho, que puxou para baixo o resultado da indústria. Para os analistas, apesar da existência de 11,9 milhões de pessoas na fila do desemprego, o consumo das famílias sustentou a alta de 1,1% do PIB em 2019.
“Do lado da demanda, o crescimento se dará pelo consumo das famílias, porque o investimento ainda está relativamente lento e o governo também”, disse o economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont, explicando que o Executivo não teve espaço fiscal para investir e a iniciativa privada retardou investimentos devido à incerteza em relação às reformas econômicas.
“Quando Bolsonaro venceu, havia um consenso de que a reforma da Previdência ia acontecer. Mas esperava-se que isso ia acontecer em março e não no segundo semestre. Por isso, muitos empresários adiaram seus investimentos”, acrescentou o economista da Órama Investimentos, Alexandre Espírito Santo.
Já as famílias conseguiram ampliar um pouco o seu consumo por conta da inflação controlada, dos juros baixos e, sobretudo, de medidas como a liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “Apesar de continuar alto, o desemprego diminuiu e a massa salarial cresceu um pouco. E a inflação esteve baixa durante boa parte do ano. Isso tudo ajudou na renda das famílias, além dos saques do FGTS”, explicou Leal. (MB)