O saldo dessas transferências pessoais normalmente não é comentado pelo Banco Central, mas entrou na conta do setor externo brasileiro, que foi apresentado nesta sexta-feira (21/2) pela autoridade monetária, justamente porque apresentou um resultado bem mais significativo do que nos últimos anos. Em janeiro do ano passado, por exemplo, o saldo foi de U$$ 214 milhões.
"Foi o melhor resultado do mês para essas receitas", explicou o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, dizendo que esse saldo está diretamente relacionado à alta do dólar, que subiu 11% nos últimos 12 meses, segundo os cálculos do BC.
"A maior depreciação faz com que a mesma quantidade de dólares que era mandada do exterior gere uma quantidade maior de reais. [...] Um parente que mora nos Estados Unidos e manda recursos para os familiares no Brasil, por exemplo, continua recebendo o mesmo salário em dólar. Mas, quando mandava dinheiro em janeiro do ano passado, o dólar valia R$ 3,74. Já neste mês, valia R$ 4,15, quase 11% a mais", explicou Rocha.
Ele ainda admite que, como o dólar continua subindo, a tendência é que essa conta de transferências pessoais continue com um resultado significativo nos próximos meses. Nas últimas semanas, por sinal, o câmbio já está bem acima da média de R$ 4,15 de janeiro. A moeda tem subido tanto por conta de riscos externos como o coronavírus, quanto por conta das declarações polêmicas do ministro da Economia, Paulo Guedes, que recentemente disse que era bom manter o dólar alto para acabar com a festa das empregadas domésticas indo à Disney. Hoje, por exemplo, a moeda bateu um novo recorde, chegando a R$ 4,40.