Devido à queda no preço das carnes e das passagens aéreas, e à baixa atividade econômica, a prévia da inflação oficial marcou o menor resultado para fevereiro desde o Plano Real, em 1994. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,22% no mês. A desaceleração foi significativa, pois em janeiro o indicador foi de 0,71%.No ano, o IPCA-15 acumula alta de 0,93% e, em 12 meses, de 4,21%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, três apresentaram deflação em fevereiro: vestuário, saúde e cuidados pessoais e alimentação e bebidas. Após quatro meses de altas, o preço da carne caiu 5,4%, permitindo a desaceleração da inflação.
Outro fator importante foi a redução das passagens aéreas, que caíram 6,68%, a segunda queda mensal consecutiva. Roupas, perfumes e itens de higiene pessoal também pesaram menos no bolso do consumidor.
Entretanto, de acordo com o IBGE, estudar ficou mais caro. O grupo educação teve alta de 3,61%, refletindo os reajustes normalmente praticados no início do ano letivo, em especial dos cursos regulares (4,36%). Além disso, os transportes aumentaram 0,20%, devido, principalmente, ao reajustes de tarifas de ônibus urbanos, trem e metrô em diversas cidades.
Para 2020, a meta central da inflação é de 4%, com intervalo de tolerância entre 2,5% e 5,5%. O mercado financeiro estima inflação de 3,22% no ano, segundo a última pesquisa Focus, do Banco Central. No ano passado, a inflação foi de 4,31%, a maior desde 2016.
Para a professora Daniela Freddo, do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), o IPCA-15 de fevereiro mostra que a economia não está se recuperando na velocidade esperada. Daniela afirmou que muitos analistas acreditaram que a queda da taxa Selic para 4,25% ao ano influenciaria a inflação de modo positivo. “Podemos ver que a taxa básica de juros não está aumentando o investimento, ou seja, mesmo que ela caia ainda mais, a demanda não vai aumentar”, disse.