O setor varejista cresceu menos do que o esperado em dezembro de 2019, contrariando expectativas positivas para o setor e mostrando que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano será mais próximo de 2%. No mês de Natal, as vendas do varejo registraram queda de 0,01%, comparado com novembro do mesmo ano. O acumulado de 2019 foi de 1,8%, ante 2018, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado de dezembro interrompeu sete meses seguidos de alta — desde maio, o setor só registrava índices positivos. A alta do acumulado anual do setor varejista é a terceira consecutiva registrada nos últimos três anos. Apesar disso, o crescimento de 1,8% ficou abaixo do nível registrado nos dois anos imediatamente anteriores e não conseguiu recuperar as perdas de 2015 e 2016, quando registrou queda de 4,3% e 6,2%, respectivamente. Em 2017, o setor registrou crescimento de 2,1%, enquanto em 2018 a alta foi de 2,3%.
O resultado das vendas varejistas confirma a leitura de que a recuperação da economia está sendo mais lenta que o previsto, segundo o economista Renan Silva, da BlueMetrix Ativos. Para ele, a projeção de crescimento do PIB superior a 2% é “fora da realidade”. “Prova disso é que o Banco Central precisou mais uma vez baixar a taxa básica de juros. Quando ele faz isso, quer estimular o crescimento econômico do país”, afirmou. “A previsão de alta de 2% para o PIB tem coerência com a atividade econômica atual. O desemprego tem melhorado, mas ainda é muito ruim. Além de que muitas famílias estão endividadas, fato que inibe o consumo.”
Segundo Luana Miranda, pesquisadora da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), o crescimento do PIB em 2020 deve ser de 2,2%, próximo à projeção da última pesquisa Focus do Banco Central, que projeta crescimento de 2,3% do PIB em 2020.
Ela afirmou que o PIB poderia crescer em torno de 2,5% se não fosse pela crise na Argentina. Mas, para que fosse perto de 3%, como alguns analistas apontam, seriam necessários outros fatores. “Precisaríamos de uma contribuição maior de investimentos privados, já que atualmente o crescimento do PIB se baseia no consumo das famílias”, disse.
*Estagiários sob a supervisão de Odail Figueiredo