Entidades que representam o funcionalismo público brasileiro rechaçaram a declaração em que o ministro da Economia, Paulo Guedes, comparou servidores a parasitas, nesta sexta-feira (7/2). Para a categoria, a fala pode ser considerada "assédio institucional", "agressão gratuita" e guarda semelhanças até mesmo à tática de progaganda nazista, que também comparou judeus a parasitas.
"O assédio institucional que vem sendo praticado pelo Sr. Paulo Guedes em relação aos servidores públicos já ultrapassa os limites legais e merece reação à altura", afirmou, em nota, a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco Nacional).
Já o presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudnei Marques, considerou a declaração gratuita e desmedida, mais um ataque ao funcionalismo. Foi Marques quem traçou a semelhança ao nazismo.
"O governo mais uma vez repete a temática nazista. Se Alvim repetiu o discurso de Goebbels, o ministro Guedes usou um termo que ficou clássico na história do nazismo, que é chamar os judeus de parasitas para criar no imaginário público um inimigo que tem que ser destruído" avaliou Marques.
"O governo mais uma vez repete a temática nazista. Se Alvim repetiu o discurso de Goebbels, o ministro Guedes usou um termo que ficou clássico na história do nazismo, que é chamar os judeus de parasitas para criar no imaginário público um inimigo que tem que ser destruído" avaliou Marques.
"É perigoso que isso esteja acontecendo, sobretudo vindo de um ministro que tem a função de zelar pela sociedade. O discurso nazista não pode ganhar espaço na sociedade, tem que ser combatido pela sociedade civil, organizada e pelas autoridades, como vai ser combatido pelos servidores", acrescentou.
Justiça deve ser acionada
As 32 entidades que compõem o Fonacate, por sinal, prometem apresentar uma representação contra Guedes na Comissão de Ética da Presidência da República. O Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis) também já acionou seu corpo jurídico para avaliar as medidas judiciais que podem ser tomadas contra os "insultos do ministro".
"É evidente o profundo desconhecimento de alguns agentes públicos sobre a qualidade do trabalho realizado pelos servidores — ou a imensa má-fé com que tentam nos responsabilizar pela própria incompetência. O Brasil precisa de um ambiente equilibrado e propício aos negócios para se desenvolver. Manifestações como essa vão exatamente no sentido oposto”, reclamou o vice-presidente do Sindilegis, Alison Souza. "Parasita é o sistema financeiro, protegido pelo ministro da Economia, que escraviza o povo brasileiro em benefício de meia dúzia de banqueiros", acrescentou o presidente do Sindilegis, Petrus Elesbão.
"Um ministro de estado não pode se utilizar desse tipo de expressão em relaçao aos servidores. O ministro tem se utilizado de uma tática de usar dados mentirosos e querer chamar os servidores para a briga de rua. Mas não vamos entrar nesse jogo", acrescentou o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva.
Ele ainda disse que os dados de reajuste salarial do funcionalismo público apresentados por Guedes não condizem com a realidade e contou que o funcionalismo já solicitou diversas audiências para discutir as questões apresentadas pela reforma administrativa com Guedes, mas nunca teve resposta.
Saiba Mais
"O cara virou um parasita"
A fala de Guedes que irritou os servidores foi feita nesta sexta-feira (7/2), em palestra no Rio de Janeiro. "O funcionalismo teve aumento de 50% acima da inflação. Tem estabilidade de emprego, tem aposentadoria generosa, tem tudo. O hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita. Dinheiro não chega no povo e ele quer aumento automático. Não dá mais", afirmou, sendo aplaudido em seguida.
Após a repercussão negativa de sua declaração, o ministro emitiu nota na qual afirmou que sua fala foi tirada de contexto e que reconhece o valor do funcionalismo público brasileiro.