Os Indicadores Industriais, divulgados nesta segunda-feira (3/1) pela CNI, apontam que o faturamento da indústria teve uma redução de 0,8% em 2019, em relação a 2018.
A produção também caiu. É que o número de empregos gerados pelo setor diminuiu 0,3% e esse trabalhadores estiveram menos tempo no chão da fábrica: o total de horas trabalhadas na produção foi 0,5% menor. Consequentemente, a massa salarial achatou 1,9% e o rendimento real do trabalhador da indústria ficou 1,5% menor.
Apenas um dos seis indicadores analisados pela CNI, portanto, teve resultado positivo. Foi o uso da capacidade instalada, que, por sua vez, melhorou em apenas 0,1%.
Economista da CNI, Marcelo Azevedo explicou que esses números são reflexo de uma série de fatores. Ele diz que, apesar de a recuperação da economia brasileira ter sido lenta, a demanda por produtos industriais teve uma leve reação em 2019. "O problema é que muito essa demanda não está sendo atendida pela indústria nacional. E, por isso, não reflete na produção", afirmou, dizendo que, por conta do alto custo e da baixa competitividade do setor produtivo nacional, muitas vezes ainda é melhor importar do que encomendar um produto à indústria local. Além disso, o mercado externo não ajudou, fazendo com que as exportações brasileiras caíssem em decorrência de fatores como a crise da Argentina e a desaceleração da economia mundial.
Apesar disso, o economista da CNI não classifica 2019 como um ano perdido para a indústria. Ele diz que, mesmo sendo de apenas 0,1%, o início da redução da capacidade ociosa da indústria é algo positivo. "Além disso, apesar desses números, vimos que a saúde financeira das empresas melhorou e que o problema da demanda já não é tão grande. Então, começamos 2020 um pouco melhores", alegou.
Por conta desse entendimento, a indústria tem boas expetativas para este ano de 2020: a projeção é de um PIB industrial de 2,8%, acima do PIB brasileiro estimado em 2,1%. Azevedo explica que a reforma tributária pode contribuir com a melhora da competitividade nacional e lembra que que a economia brasileira deve crescer mais neste ano, o que eleva a demanda por produtos industriais. "Esperamos que a atividade econômica melhore ao longo do ano e isso se reflita na geração de empregos do setor", diz o economista.