Temores renovados sobre o coronavírus derrubaram a Bolsa de Valores de São Paulo (B3), que perdeu os 116 mil pontos, e levaram o dólar a fechar na máxima em dois meses, com alta de 0,60%, cotado em R$ 4,22. O Ibovespa, principal índice de lucratividade da B3, abriu no azul, mas fechou com queda de 0,94%, em 115.384 pontos. Além dos receios sobre o coronavírus, o mercado estava de olho na política monetária dos Estados Unidos.
Ontem, o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) manteve as taxas de juros entre 1,5% e 1,75% ao ano. O comunicado sinalizou que a política é apropriada para o momento, mas o presidente do Fed, Jerome Powell, mostrou preocupação com a doença. Para Davi Lelis Ferreira, assessor de investimentos da Valor, todo clima de tensão global causa pânico em investidores. “O coronavírus começou a afetar a produção, houve fuga de capitais. Além disso, havia uma expectativa sobre a decisão do Fed”, avaliou.
Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, explicou que a agenda nacional estava fraca ontem, por isso todo o reflexo no mercado foi em função do mercado externo. “Powell destacou que a política monetária é condizente para estimular a inflação dos EUA a chegar aos 2% nos próximos meses. No entanto, ele alertou que o coronavírus fez parte da matriz de risco para manutenção dos juros”, disse.
A alta da moeda norte-americana foi um movimento global, afirmou Pablo Spyer , diretor da corretora Mirae. “O dólar se valorizou ante todas as seis divisas mais relevantes”, explicou. Isso foi efeito da preocupação com a disseminação do coronavírus. “Ficou mais grave com a decisão de companhias aéreas de suspender os voos para China. Se os EUA se fecharem para China, não vai ser brincadeira. A cautela persiste.” (SK)