Economia

Rolim assume INSS e discute medidas



O novo presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Leonardo Rolim, assumiu ontem o comando da autarquia e começou a se reunir com servidores para conversar sobre as medidas para diminuir a fila de 1,3 milhão de benefícios que aguardam análise há mais de 45 dias. O primeiro encontro foi com o presidente da Associação Nacional dos Peritos Nacionais (ANPM), Francisco Alves, na manhã de ontem. Técnicos e demais servidores devem receber convites nos próximos dias.

Ex-secretário de Previdência do Ministério da Economia, Rolim assumiu a presidência do INSS no lugar de Renato Vieira, que não contava com a simpatia de boa parte dos funcionários da autarquia. Quando a troca foi anunciada pelo secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, na terça-feira, alguns chegaram a comemorar a saída do antigo chefe.

Após conversar com Rolim, o presidente da ANMP disse considerar a mudança de comando positiva e elogiou o nome escolhido para assumir a função. “Com Vieira, não tinha diálogo. Ele se achava um rei soberano, não aceitava opinião contrária e o resultado foi esse desastre. A melhor coisa que o governo fez foi substituí-lo”, avaliou. Para Alves, agora há “uma esperança concreta” de que a crise do INSS seja resolvida.     

Rolim é conhecido na área previdenciária há anos e participou ativamente da elaboração da reforma da Previdência, promulgada em novembro. Por enquanto, ele não anunciou nenhuma mudança na estrutura do órgão, mas alguns diretores devem ser exonerados em breve. “Ele (Rolim) não detalhou nada, não discutimos cargos. Ele apenas se apresentou e se colocou à disposição”, disse Alves.    

Alguns servidores, menos otimistas, dizem que a troca de comando foi apenas uma forma de desviar a atenção do que realmente importa: a falta de contratações. “Muda a cúpula, mas não muda a estrutura. Não adianta trocar a diretoria. Os diretores que estão lá estão fazendo os esforços possíveis. O problema é estrutura, falta de funcionário, como fazer para atender o cidadão”, avalia Moacir Lopes, diretor da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps).    

“O governo, quando quer causar impacto, demite alguém, para mostrar serviço e ganhar tempo”, acrescentou Lopes. A Fenasps reiterou ontem que ainda espera novos concursos ou a contratação do excedente do último certame, de 2015. Na terça-feira, Marinho anunciou que o governo vai contratar ex-servidores do INSS, hoje aposentados, para reforçar o atendimento e a análise de benefícios. A ajuda não virá apenas de militares da reserva, como era previsto.     

Por melhor que seja a recepção ao novo presidente, os servidores devem reforçar outras demandas que ainda não foram atendidas. A adaptação dos sistemas está na lista. Até hoje, passados mais de dois meses desde que a reforma da Previdência entrou em vigor, o sistema de concessão de benefícios não foi adequado às novas regras. Os servidores não conseguem analisar pedidos de aposentadoria urbana nem conceder pensões acima de um salário mínimo.