Economia

Dólar vai a R$ 4,18 e tem quarta semana seguida de alta

O dólar acumulou valorização de 0,48% esta semana, marcando a quarta consecutiva de alta. Nesta sexta-feira, 24, influenciado pelos temores de disseminação do coronavírus, o dólar se fortaleceu no mercado internacional, ante divisas fortes e emergentes, e aqui não foi diferente. A moeda chegou a superar nesta tarde os R$ 4,19 quando um senador americano falou da possibilidade da confirmação de um terceiro caso da doença nos Estados Unidos. Além disso, dois casos foram reportados na França. No final da sessão, o dólar comercial terminou em alta de 0,43%, a R$ 4,1845. No mercado futuro, o contrato para fevereiro subiu 0,26%, a R$ 4,1840. O dólar fechou a sexta-feira acumulando valorização no ano de 4,30%, mantendo o real com o pior desempenho ante a moeda americana em uma cesta de 34 moedas. Preocupações com o ritmo de crescimento da economia brasileira e, nos últimos dias, o temor de disseminação do coronavírus vêm pressionando a moeda, levando os investidores a buscarem proteção no dólar. "Os agentes nitidamente venderam moedas hoje, na medida em que o coronavírus continua a se espalhar para novos países", afirma a diretora em Nova York de moedas da BK Asset Management, Kathy Lien. A notícia de que este tipo de gripe foi identificado na França provocou nova rodada de piora dos mercados hoje. O índice VIX de volatilidade, chamado de "medidor do medo" dos mercados acionários americanos, chegou a saltar mais de 20%. O iene e o franco suíço tiveram novo dia de valorização. A executiva da BK observa que a dúvida que persiste no mercado é o impacto na economia mundial do coronavírus. Os economistas do banco inglês Barclays preveem "efeito importante, mas transitório". Há o risco de a disseminação ser mais rápida e ampla que o esperado, mas eles ressaltam que esse tipo de vírus tem se mostrado menos letal que o que causa a SARS. O Canadian Imperial Bank of Commerce (CIBC) projeta o dólar caindo para pouco abaixo de R$ 4,00 a partir do segundo trimestre, a R$ 3,95. Entre as razões, está a expectativa de avanços das reformas, tema que foi bastante falado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, esta semana no Fórum Econômico Mundial em Davos. O CIBC também espera entrada de recursos externos para os leilões de privatização e concessões, além de avanço nas discussões para maior abertura comercial do Brasil, fatores que vão contribuir para retirar pressão do câmbio. O CIBC prevê que a taxa básica de juros deve fechar o ano em 4,5%, mas não descarta a possibilidade de novo corte na reunião de fevereiro. Hoje o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que, com a queda do juros, há um "efeito migratório", com o investidor saindo da Bolsa brasileira, sobretudo quando compara com outros mercados e veem oportunidades melhores, como dos mercados da Ásia. Esse movimento explica a forte saída de recursos externos do Brasil, que tem contribuído para pressionar o câmbio. Só a B3 registra este mês saída de R$ 10 bilhões.