De acordo com Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Global Partners, o resultado, anunciado nesta quinta-feira (23/1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou dentro das expectativas do mercado. “A inflação, em 2020, deve permanecer comportada, abaixo de 4%”, prevê. Segundo o economista, após o choque dos preços da carne, a perspectiva é de que “o Banco Central deve fazer mais dois cortes na Taxa Básica de Juros (Selic)”, atualmente em 4,50% ao mês. “A grande dúvida hoje é sobre a economia americana e a relação dos Estados Unidos com China e Irã. No mercado interno, não vejo mudanças bruscas”, destacou.
Sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE de 12 de dezembro de 2019 a 14 de janeiro de 2020 apresentaram alta. A maior variação ficou com o grupo da alimentação e bebidas (1,83%), embora tenha sido registrada desaceleração em relação ao mês passado, quando o incremento foi de 2,59%. A segunda maior contribuição veio dos transportes com 0,92% — próxima à registrada em dezembro, de 0,90%. Segundo o IBGE, a desaceleração em alimentação e bebidas é explicada principalmente pelo resultado da alimentação no domicílio, que teve alta menor que em dezembro (2,30% ante 3,62%).
As carnes, que apresentavam elevação de 17,71% no último mês de 2019, ainda subiram em janeiro, mas bem menos: 4,83%, em média. Ainda assim, o item deu a maior contribuição individual ao IPCA-15. O casal, Vancy e Alex Loyola, 35 e 44 anos, faz compra todos os meses e acompanha o comportamento dos preços no supermercado e reclama. “Achei essa diminuição do preço muito pouca. Ainda não está no patamar de antes. Adoramos assar carnes para fazer churrasco em casa. Gostamos de comer bem”, disse Vancy.
Riezo Silva Almeida, coordenador do curso de ciências econômicas do Centro Universitário Iesb, lembrou que a demanda da China por carne bovina elevou o preço do produto e o consumidor reagiu. “Ele (consumidor) migrou para outros tipos de bens substitutos, e com isso a carne começou a desacelerar. Houve mais oferta no mercado interno e a demanda diminuiu”, explicou. A tendência nos próximos meses é de que o preço da carne continue desacelerando, segundo Almeida. “Mas existe a possibilidade de o consumo aumentar por causa da volta às aulas”, alertou.
No grupo dos transportes, a gasolina, que já havia subido 1,49% em dezembro, apresentou alta de 2,64% em janeiro e contribuiu com o segundo maior impacto individual no índice. A boa notícia veio das passagens aéreas, que recuaram 6,45%, depois de subir 15,63% em dezembro.
* Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo