Davos — Após o processo de saída do Reiuno Unido da União Europeia, o chamado Brexit, o Brasil, por meio do Mercosul, deve ser um dos primeiros países a selar cordo comercial com os britânicos. Este foi o sentimento com o qual saiu o ministro da Economia, Paulo Guedes, de uma reunião com sua contraparte do Reino Unido, Sajid Javid, realizada paralelamente ao Fórum Econômico Mundial.
A perspectiva do ministro leva em conta que o país é um dos que têm menos resistência e barreiras a produtos e serviços da Europa. No Reino Unido, o discurso, inclusive nas tratativas com o restante do continente, é o de que o país manterá seus altos padrões de qualidade.
No encontro, a interpretação é a de que, já que vão sair do maior bloco comum, os britânicos têm pressa para fechar novas frentes de negócios. Há três semanas, o primeiro-ministro Boris Johnson passou a entrar diariamente em contato com chefes de Estado para buscar uma aproximação. Há cerca de 10 dias, o presidente Jair Bolsonaro foi contatado. Os dois falaram sobre estreitar investimentos, segundo informações do gabinete de Boris Johnson.
Num primeiro momento, o acordo deve ser integrado com todos os membros do Mercosul, mas, se não houver exigências de cotas, é até possível que o pacto seja feito diretamente com o Brasil. “Com o Brexit, o Reino Unido vai mergulhar em uma piscina nova. Pode fazer novos contratos, mergulhar em águas novas”, comentou Paulo Guedes. Para o Reino Unido, o Brasil é um mercado relevante. O país chegou a ser citado no primeiro projeto do Brexit, ao lado de Índia, Estados Unidos e China, como principais potenciais parceiros comerciais após o divórcio dos britânicos com a União Europeia. “Nós queremos, e eles querem”, resumiu Guedes.
Os dois ministros também falaram sobre um acordo para evitar a bitributação de empresas, e Javid anunciou que virá ao Brasil ainda este ano. Além disso, o ministro britânico reforçou o apoio à entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Coreia do Sul
Acordo comercial também foi o tema principal do encontro de Guedes com a ministra de Comércio da Coreia do Sul, Myung Hee. Segundo ele, um projeto de acordo está avançado com o país asiático, assim como com o Canadá. No Japão, as conversas são ainda iniciais. Também neste caso, é esperado que todo o Mercosul participe do acordo. “Dissemos sempre a mesma coisa em Davos: nós vamos abrir (a economia). Estamos no pressuposto de que a Argentina vai acompanhar. Se não acompanhar....”, disse Guedes, sem completar a frase.
A empresários e investidores com quem se reuniu no Fórum, em evento fechado, Guedes garantiu que o governo atual fará reformas até o seu último dia, segundo relatou a jornalistas. Segundo participantes do encontro, Guedes destacou a aprovação da reforma da Previdência, lembrando que havia lançado o compromisso um ano antes. Agora, ele disse que também conta com progressos nas reformas tributária e administrativa.