O governo da Argentina enviou nesta terça-feira (21/1) ao Congresso um projeto de lei visando reestruturar sua elevada dívida pública, enquanto pede "tempo" e "boa fé" a seus credores, entre eles o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Temos uma carga da dívida que é insustentável", declarou o ministro da Economia, Martín Guzmán, que enfrenta uma recessão e inflação anual superior a 50%.
"A vontade de pagar existe, sempre afirmamos isto, mas para poder pagar o país precisa ter capacidade, crescer, e para tal é fundamental que exista um alívio da carga da dívida", afirmou Guzmãn em entrevista coletiva.
Assim, o governo do presidente Alberto Fernández fez chegar ao Congresso um projeto para a reestruturação da dívida, para que "o país melhore ao menos duas das seguintes três condições: prazos, taxas de juros e volume do capital", explicou Guzmán.
O projeto autoriza o Executivo a "efetuar operações de administração de passivos, trocas (de bônus), reestruturações de vencimentos dos juros e amortizações de capital dos títulos públicos emitidos sob lei estrangeira".
Em recessão desde 2018, a Argentina enfrenta uma dívida de 335 bilhões de dólares, incluindo 44 bi junto ao FMI.
'Default Seletivo'
A agência de classificação de risco S&P reduziu nesta terça-feira (21/1) para "default seletivo" (SD) a nota da dívida argentina em moeda local, mas manteve em "CCC-" (alto risco) e com perspectiva negativa a dívida em moeda estrangeira.
A redução foi anunciada um dia após o governo trocar voluntariamente bônus de curto prazo em pesos argentinos com vencimento próximo por dois títulos que vencerão em setembro.
"Observamos esta troca como perturbadora e equivalente a um default", destacou a S&P.
Apesar de o acordo ser voluntário, "se mantém a incerteza sobre os planos envolvendo obrigações similares em pesos que vencem nos próximos meses", declarou a agência.
S&P informou que mantém em perspectiva negativa a dívida soberana de longo prazo em moeda estrangeira da Argentina enquanto Buenos Aires dialoga com os detentores de bônus e credores para reformular os pagamentos.
"O ministro das Finanças, Martín Guzmán, informou que em breve iniciará discussões com detentores de bônus, em Nova York, e esperamos que o governo avance com um plano de reestruturação de sua dívida de longo prazo em moeda estrangeira. Mas o tempo e as condições não estão claros", destacou a agência.