Economia

Mais concorrência no streaming

A Roku, com sede na Califórnia, lança sua operação em parceria com a fabricante de tevês AOC e com a Globoplay. A chegada da gigante do setor promete agitar a disputa pelo consumidor

São Paulo — O mercado brasileiro de streaming — já disputado por grandes empresas nacionais e internacionais — vai ficar ainda mais acirrado. A americana Roku, a principal plataforma desse segmento nos Estados Unidos, estreou ontem sua operação no mercado nacional.


A empresa chega com a proposta de oferecer um serviço de streaming mais acessível aos consumidores, ampliando a concorrência no mercado de dispositivos de conteúdo para filmes e séries on demand, liderado pelas rivais Chromecast e Apple TV. Essas plataformas, com as smart TVs, são as principais fontes de acesso para Netflix e Amazon Prime, por exemplo.


“A chegada ao Brasil, um dos maiores mercados de streaming do mundo, é uma honra para nós”, disse Anthony Wood, fundador e CEO da Roku, durante o anúncio do lançamento. “Com a chegada da Roku, os consumidores no Brasil poderão assistir a todos os seus programas de TV e filmes favoritos na plataforma Roku, fáceis de usar e disponíveis a um preço acessível. Queremos oferecer streaming para todos no Brasil.”


O início das operações se dará por meio de seu próprio sistema operacional, o Roku OS, desenvolvido especificamente para televisores. Seu sistema operacional licenciado para TV é líder nos Estados Unidos, no México e no Canadá. Em 2014, a Roku lançou o programa de licenciamento de Roku TVs, permitindo às marcas de TV uma maneira econômica de criar smart TVs a custos menores.


No caso do Brasil, a primeira fabricante a firmar parceria é a AOC — subsidiária da taiwanesa TPV. O aparelho AOC Roku TV chega com preços que começam em R$ 1.199, para versão de 32 polegadas. Há ainda um modelo com 43 polegadas, que será vendido por R$ 1.599. “O Grupo TPV tem um excelente relacionamento com a Roku nos Estados Unidos e estamos felizes em trazer essa parceria para o Brasil”, afirmou Andre Romanon, diretor da TPV no país. “Faz todo sentido para a AOC trabalhar com a melhor plataforma de streaming para TV dos Estados Unidos. As Roku TVs terão ótimos recursos para oferecer a melhor experiência de streaming aos consumidores.”

Definição de imagem
A principal diferença dos dois modelos está na definição. Enquanto a Roku TV S519 de 32 polegadas tem um painel de definição HD, a versão de 43 polegadas é Full-HD. Ambas, no entanto, apresentam tela de LED, frequência de 60Hz e um ângulo de visão de 178 graus. Os dois modelos também podem ser conectados ao wi-fi e têm três entradas HDMI, além de uma entrada para USB, algo que possibilita o uso do produto para videogames.


Os televisores começam a ser vendidos on-line nos sites de varejistas como Casas Bahia, Ponto Frio e Extra. A partir do próximo mês, chegarão às lojas físicas. A Roku e a AOC disputam um mercado dominado pela sul-coreana Samsung. Segundo dados da consultoria GfK, de janeiro a novembro de 2019, o faturamento de vendas de TVs da Samsung foi composto por 63% de televisores 4K.


Segundo a Roku, os equipamentos desembarcam no país com mais de 5 mil canais de televisão na loja do dispositivo. Usuários podem acessar seus serviços de streaming a partir do menu inicial. A Roku TV tem compatibilidade com os principais aplicativos do mercado, como Spotify, Looke, DAZN, HBO Go e o Google Play Filmes.


Para tentar seduzir o consumidor brasileiro, a Roku vai oferecer conteúdo local em parceria com o Globoplay. Por meio do aplicativo Globoplay, os consumidores poderão assistir à TV ao vivo, séries e os melhores filmes, sob demanda. O Globoplay é a maior plataforma de streaming brasileira, com produções exclusivas que só serão exibidas on-line. Um botão Globoplay será incluído ao controle remoto da Roku TV nos próximos meses. “A Roku será um parceiro fundamental na expansão do Globoplay. Vai melhorar a experiência de quem consome serviços de streaming na TV, além de trazer competição e qualidade ao mercado”, disse Erick Bretas, diretor-geral do Globoplay, durante o evento de estreia do produto.

 

Para quem duvida do potencial do mercado de streaming, uma pesquisa recente prova o contrário. Segundo a consultoria Ampere Analysis, a quantidade de assinantes de serviços de streaming já passou o de usuários da TV paga em 29 países, e esse número pode dobrar até o final de 2020. Resultado: com serviços de streaming chegando a cada vez mais países, até o fim do ano essas plataformas devem ultrapassar as assinaturas de TV paga globalmente.


De acordo com o levantamento, um grande aumento no número de usuários das plataformas de streaming entre 2018 e 2019 foi amplamente impulsionado pelo lançamento do Apple TV + no final do ano passado.  Os consumidores estão cada vez mais se voltando para seus dispositivos móveis. Isso torna os tradicionais canais de TV paga menos atraentes do que nunca.


Além da disponibilidade de conteúdo, ainda há a restrição de dispositivo. As TVs por assinatura têm encargos de taxas de equipamentos, contratos e pacotes de canais que podem aumentar os custos.  Os serviços streaming são mais baratos, oferecendo acesso imediato a vários tipos de dispositivos sem contratos ou equipamentos especiais.

Forte rival a TV a cabo