Economia

Nova Previdência será necessária daqui a três anos, avalia Nilton Molina

Presidente do Conselho de Administração da Mongeral Aegon, Nilton Molina, avalia que, em 15 anos, o país precisará migrar para um regime que garanta uma renda mínima para idosos e incapazes

Correio Braziliense
postado em 21/01/2020 16:35
Na visão dele, a aprovação da reforma foi um bom sinal para investidores, de que ''o país tem jeito''A Previdência Social não deve se sustentar por muitos anos no Brasil, com ou sem reforma, avalia o presidente do Conselho de Administração da seguradora Mongeral Aegon, rebatizada como MAG Seguros, Nilton Molina. Aos 84 anos de idade, ele avalia que, em 15 anos, o país precisará migrar para um regime que garanta uma renda mínima para idosos e incapazes, bem diferente do sistema de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 

Bem antes disso, outras mudanças devem ser feitas no sistema de aposentadorias e pensões, que acabou de ser revisado, com a promulgação da reforma da Previdência, em novembro de 2019. "Uma nova reforma deve acontecer daqui a três anos; depois, uma nova daqui a seis anos. Até chegar na previsão de que não vai mais ter Previdência Social. Vai ter um grande programa de renda mínima, que é para onde caminha o mundo", afirmou, em conversa com jornalistas, no evento Magnext, organizado pela MAG Seguros no Rio de Janeiro, em 9 de janeiro. 

Além disso, o benefício mensal garantido pelo Estado não vai passar de um salário mínimo (R$ 1.041, hoje), acredita Molina. É o que acontece, por exemplo, nos Estados Unidos, lembrou. "É uma boa notícia para os jovens, que têm tempo de fazer suas poupanças, e certamente uma má notícia para os velhos, que se dedicaram a gastar o dinheiro e não a economizar", disse. A reforma, nas palavras dele, "era uma necessidade", mas a situação ainda vai se agravar.

Insustentável

Molina não nega que a reforma nas regras de aposentadoria e pensão tenha sido necessária, já que o país caminha rapidamente para ter mais idosos do que jovens. Mas, mesmo com as correções feitas, ele não considera o sistema sustentável. "De modo geral, deu uma aparada na barba. Tirou alguns privilégios e vai surtir efeito daqui 30 anos 40 anos", disse.

Na visão dele, a aprovação da reforma foi um bom sinal para investidores, de que "o país tem jeito", e também para os jovens, que passam a entender que o Estado não conseguirá pagar benefícios para sempre. Os R$ 800 milhões que o governo afirma que economizará com a medida em 10 anos não faz tanta diferença a longo prazo. "Não é nada, com deficit daquele tamanho", afirmou o executivo. O rombo da Previdência deve chegar a R$ 244,2 bilhões em 2020. 

O executivo ressaltou que o insustentável regime de repartição, pelo qual os contribuintes pagam os benefícios de quem já está aposentado, foi mantido. E, no Brasil, ele tende a beneficiar os mais ricos em detrimento dos mais pobres, apontou. Um dos pontos mais preocupantes, na visão de Molina, é a dinâmica de funcionamento dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS), dos servidores públicos. 

Para Molina, "se tem alguma reforma que tem que ser feita e vai sangrar muito é essa reforma, desses salários e benefícios (do funcionalismo público)". Como exemplo, ele cita os servidores vinculados ao Judiciário, que recebem aposentadorias ainda mais altas do que a média dos salários ganhos, que, em 2018, era de R$ 9,9 mil. Na aposentadoria, essas pessoas recebem R$ 17,9 mil. 

De forma diferente do que acontece na iniciativa privada, os servidores públicos sobem na carreira mesmo que não se esforcem, apontou o executivo. "Se ele não fizer nada, deixar o paletó na cadeira, ele vai crescendo. Quando se aposenta, está com outro salário. Na iniciativa privada, infelizmente, você tem uma curva. Ganha menos, sobe, sobe, sobe, fica mais velho e cai. Depois se aposenta", diz. 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags