A extinção de unidades industriais é resultado do acúmulo de perdas na produção da indústria de transformação brasileira entre 2014 e 2016. Houve um início de recuperação em 2017, mas o processo perdeu fôlego em 2018. De janeiro a novembro de 2019, últimos dados da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física do IBGE, a produção da indústria de transformação ficou praticamente estagnada. Com dificuldades para repor as perdas passadas, a indústria de transformação opera 18,4% abaixo do pico alcançado em março de 2011.
"A transformação está praticamente parada. Se ela não cai, também não demonstra nenhum tipo de crescimento", ressaltou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.
Se a produção industrial cresce, cada aumento de 1 ponto porcentual gera abertura de, aproximadamente, 5,9 mil unidades produtivas no ano seguinte. Se cai, o número de fábricas em atividade diminui na mesma proporção, calculou Fabio Bentes, economista da Divisão Econômica da CNC e responsável pelo estudo
"O fechamento de unidades produtivas vai se intensificando e atinge um ápice também mais ou menos depois de um ano", explicou Bentes.
O estudo da CNC mostra que o Brasil tinha 384.721 unidades industriais de transformação em 2014. Desceu a 359.345 indústrias em 2018, queda de 6,6% no total de unidades. O Rio de Janeiro teve a maior queda no período (-12,7%). Perdeu 2.535 unidades em quatro anos. Em termos absolutos, o Estado de São Paulo teve a maior perda de unidades produtoras. Foram menos 7 312 unidades, o equivalente a uma redução de 7%.
A expectativa para a produção industrial nos próximos meses é favorável. O processo de abertura da economia e a elevada capacidade ociosa do parque fabril, porém, podem adiar a inauguração de novas unidades industriais. Haverá dificuldade para a retomada mesmo em cenário de crescimento da fabricação de manufaturados.
"A economia está começando a se recuperar, há expectativa de crescimento em torno de 2% na indústria (em 2020). Mas será que vai gerar cerca de 12 mil unidades produtivas em 2021? Acho pouco provável que isso ocorra", opinou Bentes.