O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) iniciou o ano batendo nova máxima histórica. O índice, que teve em 2019 o quarto ano de alta, terminou o primeiro pregão de 2020 com elevação de 2,53 %, a 118.573 pontos. O otimismo dos investidores se deve ao noticiário positivo no exterior e a sinais de recuperação econômica brasileira.
O presidente americano, Donald Trump, disse que deve assinar a primeira fase do acordo comercial com a China no próximo dia 15 e que poderá visitar Pequim mais adiante para discutir a segunda fase do acerto. Ainda no cenário externo, o índice de compras industriais (PMI) da China, em dezembro, ficou na marca positiva de 51,5 pontos, embora tenha sido inferior ao de novembro. O banco central chinês anunciou ainda que reduzirá o compulsório dos bancos a partir do próximo dia 6 para aumentar a liquidez na economia local.
O economista da BlueMetrix Ativos, Renan Silva, destacou que o avanço do acordo comercial teve repercussão direta na B3. “O efeito foi sentido nas bolsas mundiais, em especial na China e nos EUA. A bolsa brasileira seguiu o ânimo da economia global, de olho ainda na medida do BC chinês de liberação de compulsório, que deverá estimular a economia chinesa ao longo de 2020”, afirmou.
“Esse movimento de alta da bolsa segue o caminho que já estava sendo traçado desde o ano passado, e foi turbinado por novos dados relevantes. A redução do compulsório na China pode injetar até US$ 115 bilhões na economia local. Vimos na bolsa brasileira a alta de ações de empresas siderúrgicas, por exemplo, que têm exportação para a China”, ressaltou Pedro Nieman, analista da Toro Investimentos.
O analista da Toro também destacou o novo modelo de tarifação que deve ser implantado na bolsa. “O movimento de alta da B3 também é puxado pelo anúncio de nova política de tarifas, que visa estimular a participação de pessoas física no mercado”, disse.
O dólar comercial registrou variação positiva, ontem, com alta de 0,45%, e terminou o dia cotado a R$ 4,03 para venda. Renan Silva, da BlueMetrix Ativos, ressaltou a descompressão que a divisa norte-americana sofreu nos últimos meses. “A moeda se mantém praticamente estável, diante do cenário de juros mais baixos. Ao longo do ano, poderemos ter uma descompressão maior, devido às concessões e privatizações planejadas pelo governo, além da melhora de emprego e renda. Naturalmente, com um cenário mais saudável para investimento, a entrada de dólar será mais relevante”, avaliou.
- Superavit comercial tem queda de 19,6%
A balança comercial teve em 2019 o menor superavit desde 2015, quando ficou em US$ 19,5 bilhões. O saldo do ano passado foi de US$ 46,7 bilhões, 19,6% menor do que o registrado em 2018. Tanto importações (3,3%) como exportações (7,5%) recuaram. No caso das vendas para fora do país, a queda foi consequência, principalmente, da crise argentina e da guerra comercial entre China e Estados Unidos, que freou o comércio global. De acordo com a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), as exportações de produtos manufaturados foram 34,6% do total, o menor nível em 40 anos. Quasse 53% das vendas foram de produtos básicos.