Economia

Juros fixos para casa própria

Caixa lançará nova linha de financiamento imobiliário em março, como havia sido antecipado pelo Correio. Instituição espera que a medida amplie número de clientes e reforce os lucros, que bateram recorde em 2019



A Caixa Econômica Federal registrou lucro recorde em 2019 e quer continuar aumentando os resultados neste ano, a partir da ampliação do número de clientes. Entre as ações estratégicas para atingir esse objetivo, está uma nova modalidade de financiamento da casa própria. Em março, o banco estatal vai lançar o crédito imobiliário prefixado. “Você vai poder contratar crédito com prazo de 30 a 35 anos e saber quanto vai pagar nesse período”, disse o presidente da instituição, Pedro Guimarães. A medida havia sido antecipada por ele em dezembro, em entrevista ao Correio. Atualmente, a instituição disponibiliza dois modelos de linhas de crédito: uma corrigida pela Taxa Referencial (TR) e outra pelo índice oficial de inflação, o IPCA, inovação feita pelo banco.

O resultado recorde do ano passado vai permitir, ainda que a Caixa mantenha a devolução de recursos ao Tesouro Nacional, como forma de pagamento da dívida de R$ 40,2 bilhões que tem com a União. O dinheiro será usado pela equipe econômica para abater a dívida pública. No ano passado, foram pagos, até setembro, R$ 11,35 bilhões, constituídos em Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida IHCD). O valor, contudo, ficou abaixo da meta, de R$ 20 bilhões.

Embora reconheça que as transferências ficaram abaixo do projetado, Pedro Guimarães banca os esforços e a continuidade dos depósitos à medida que os resultados trimestrais forem confirmando o crescimento do lucro. O balanço oficial de 2019 será divulgado em fevereiro. “Não posso colocar um número, até porque não fechou, mas será o maior lucro da história”, afirmou Guimarães, ontem, no Palácio do Planalto, após reunião com o presidente Jair Bolsonaro.

Para 2020, as expectativas também são boas. Nos últimos seis meses, o banco estatal contabiliza um acréscimo de mais de 1 milhão de clientes. O aumento do número de consumidores e a projeção de queda na inadimplência — em decorrência de ações estratégicas e da redução de juros pelo Banco Central (BC) e pela própria instituição  — criam espaço para manter o crescimento do lucro. Com mais lucro, maiores são as possibilidades de o banco honrar o compromisso e quitar a dívida com o governo.

“A gente devolveu R$ 11,35 bilhões até setembro de 2019. A cada trimestre, a gente pode devolver mais um valor, porque vai tendo mais lucro”, sustentou Guimarães. Ele ressalta, contudo, que o processo de devolução de recursos por IHCD pode ser auxiliado, a depender de mudanças de regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). “Essa discussão, ela é toda matemática e depende dessa operação de mercado de capitais”, frisou.

A expectativa do mandatário da estatal é que a definição das regras ocorra o mais rápido possível. “Só que são etapas que têm tanto a CVM quanto a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), e a B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), que são todos órgãos reguladores. A gente está muito preparado para essas operações. (...) Agora, quando faz uma operação de mercado de capitais grande, como a gente tem, por exemplo, na operação de seguridade ou patrimônio líquido muito pequeno, então você tem um resultado financeiro muito grande dessa operação”, destacou.