Quem usa o rotativo do cartão de crédito ou o cheque especial está pagando faturas mais caras. Em novembro, os juros das modalidades para pessoa física passaram de 305,9% ao ano para 306,6%, no cheque especial, e de 317,6% para 318,3% ao ano, no cartão de crédito, segundo nota de crédito do Banco Central (BC) divulgada ontem. Os dados mostram que, apesar de a Selic estar no melhor patamar da história (4,5%) e a inadimplência ter ficado estável (3%), não houve queda das taxas, na ponta, para o consumidor.
Segundo o BC, houve aumento na taxa média de juros no crédito livre de 35,9% ao ano em outubro para 36,2% ao ano em novembro. No acumulado de 12 meses, avançou 6,3%. O estoque de crédito livre subiu a 1,8% em novembro. Já o crédito direcionado cresceu 0,3%. Na mesma direção, o estoque total de operações de crédito do sistema financeiro subiu 1,1% em novembro ante outubro, para R$ 3,410 trilhões. Para pessoas físicas, a alta foi de 0,9% e para pessoas jurídicas, de 1,4%. O total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) passou de 46,9% para 47,3% no mês passado, conforme a autoridade monetária.
De acordo com Ricardo Teixeira, coordenador do MBA de Gestão de Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), o aumento do crédito tem um lado positivo e significa que as empresas e as pessoas estão acreditando na melhora da economia. ;Existe otimismo. O empresário que acredita na economia e ainda não tem capital de giro vai correr para o crédito. Pequenos empreendedores, pessoas físicas que vão resolver suas situações financeiras ou até mesmo alavancar financeiramente a vida das suas famílias, recorrem a essa modalidade. O momento é propício, porém a realidade é muito discreta, muito marginal para dizer que houve mudança;, ressalta.
Para o chefe adjunto do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Renato Baldini, o aumento em novembro não tem relação direta com a Black Friday, ocorrida no final do mês. ;Impacta pouco. É possível ver alguma coisa no cartão de crédito à vista;, disse. Nas projeções do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), é esperada uma expansão de 6,9% no crédito total em 2019 e 8,1% em 2020. Para o crédito livre, os crescimentos devem ser de 13,9% e de 12,9%, respectivamente.
*Estagiária sob supervisão de Simone Kafruni