Em tempos de crise, os consumidores buscam produtos pelo menor preço, o que impulsionou as vendas on-line por meio do e-commerce. Quem atende esse mercado, não viu a recessão. Mas quem construiu o negócio no pior período da economia brasileira, sentiu um frio na espinha. Foi o caso de Ricardo Hoerde, presidente e cofundador da Diálogo Logística, empresa que realiza entregas nas regiões Sul, Nordeste e Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, e que teve crescimento médio de 105% ao ano. Inovação e atendimento personalizado são os diferenciais.
Formado em administração e especialista em finanças e em logística, Ricardo Hoerde foi executivo de grandes corporações como Gerdau, Riocell, Ambev, RBS e Vialog, mas estava fora do mercado quando a crise assolou o Brasil. ;Bateu o pavor, porque já tinha treinado substituto e tinha saído do último emprego. Me dei conta do risco quando meus filhos, ao saberem da decisão, perguntaram para onde eu estava indo e respondi: não sei;, recorda.
No entanto, o empresário traz no sangue a veia de empreendedor e conseguiu construir um negócio de sucesso em plena crise. ;A possibilidade surgiu mais rápido do que imaginava. Em 2014, montei uma consultoria de logística e, logo após a Copa do Mundo, a Via Varejo (Casas Bahia e Pontofrio) me chamou. No início de 2015, montei a empresa com um pedaço de madeira em cima de dois cavaletes num espaço de coworking;, conta.
Era o início da Diálogo, construída dentro de um ambiente colaborativo com um time de cinco pessoas. ;Em 70 dias, estava entregando e-commerce em 1,2 mil cidades do Sul do país;, diz. Hoerde teve o cuidado de montar um negócio sem custo fixo e deu flexibilidade aos colaboradores. ;Montei uma empresa sem parede. Exerço uma direção diferente, com disciplina, porque logística é cobrada por performance, então tem que ter equilíbrio;, revela.
Diferenciais
O mantra da empresa é ;pessoas primeiro, foco no cliente e performance;. ;Pensar no cliente é olhar o indicador deles todos os dias. É corrigir os problemas todos os dias, num sistema ágil de gestão. Nós projetamos o resultado da empresa todas as segundas-feiras, assim conseguimos corrigir o percurso naquele mês;, explica.
Foi assim que a Diálogo, que nasceu com cinco pessoas, hoje tem 135 funcionários, dobrando de receita a cada exercício nos últimos quatro anos, em plena crise. ;A companhia não cabe mais no coworking. Hoje, temos 2 mil metros quadrados (m;) alugados em São Paulo para comportar carga e pessoas, mais 1,5 mil m; em Curitiba, 800 m; em Palhoça (SC) e 2 mil m; em Porto Alegre;, enumera. A operação é expressa e toda mercadoria que a Diálogo coleta nasce com código de barras para fazer rastreamento.
;Um dos nossos diferenciais é o modelo de ativos zero, frota zero. Terceirizamos a entrega. Nosso negócio é serviço, contrato e desenvolvo empresas que trabalham na nossa tecnologia. São 1,5 mil pessoas que trabalham de forma indireta, para poder fazer as entregas de 20 mil produtos por dia;, ressalta. Entre os clientes, estão Netshoes, Renner, Via Varejo, C, Magazine Luiza. ;O Boticário fechou com a gente há duas semanas;, celebra.
Agora, o objetivo da companhia é expandir as operações. ;Temos dois projetos: o go national, que é ampliação da cobertura; e o go tech, investimento em time e parceria com empresas de tecnologia;, destaca. A Diálogo está entregando em Minas Gerais e no Espírito Santo há 30 dias e, em breve, estará no Centro-Oeste. Também desenvolveu um aplicativo próprio, com o qual é possível controlar todas as operações pelo celular. ;Em 2019, o faturamento chegou a R$ 52 milhões. A projeção para 2020 é R$ 80 milhões;, estima. O plano da companhia é atender 3,2 mil cidades em todo o Brasil no próximo ano.