Jornal Correio Braziliense

Economia

A força da inclusão financeira



Ao contrário dos grandes bancos, que têm fechado agências para reduzir custos, o Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob) ampliou sua participação no mercado financeiro e ganhou reconhecimento do Banco Central como protagonista de inclusão e agente de transformação social. ;O cooperativismo prospera em tempos de crise;, reconhece o presidente do Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob) ; braço financeiro do Sicoob ;, Marco Aurélio Borges de Almada Abreu. Ao levar crédito para regiões remotas ou vulneráveis e incluir parcela da população desbancarizada, o cooperativismo reduz problemas socioeconômicos locais, que se agravam quando a economia está em recessão.

A expansão do setor foi tão significativa que, em dezembro de 2015, gerava 25,9 mil empregos no país e, em junho deste ano, o número saltou quase 50%, para 38,7 mil funcionários. ;O crescimento foi bastante grande, porque o modelo de negócios se desenvolve nas lacunas dos agentes normais de mercado;, explica Almada. Os postos de atendimento passaram de 2.407 em dezembro de 2015 para 3.093 em junho de 2019, alta de 28,5%.

;Muitos dos nossos postos foram abertos em cidades pequenas, onde não tinha agência de bancos tradicionais, ou em bairros nos quais as que existiam foram fechadas;, ressalta o executivo. A mais recente abertura ocorreu numa favela de Belo Horizonte. Com isso, as cooperativas de crédito são responsáveis pela bancarização de uma população que antes não tinha acesso a bancos. ;Isso acontece quando a gente chega nesses pequenos municípios ou em bairros vulneráveis, porque promovemos justiça financeira. Uma das principais funções é fazer crescer aquela região;, assinala.

Dinamismo

O reconhecimento das cooperativas pelo BC está no Relatório de Estabilidade Financeira, publicado em outubro de 2019, no qual o órgão afirma que ;o SNCC (Sistema Nacional de Cooperativas de Crédito) teve papel anticíclico importante no recente período de retração econômica, principalmente para nichos de mercado como as pequenas e médias empresas e os produtores rurais;. Em evento no Correio, o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, ressaltou que novos instrumentos de captação pelas cooperativas estão garantindo mais competição no mercado financeiro.

Diferentemente de bancos tradicionais, muitas vezes inacessíveis para determinada parcela da população, as cooperativas de crédito se estabelecem numa comunidade e garantem dinamismo econômico naquela região. ;A sede libera o crédito para os cooperados locais, gerando um círculo virtuoso. E ainda tem a prática de contratar pessoas locais, retém a população e injeta dinheiro naquela comunidade;, explica. (SK)