Por que a companhia decidiu abrir lojas na Argentina, que vem passando por crise?
Começamos a estratégia internacional pelo Uruguai, que é próximo do centro de distribuição de Santa Catarina e da sede da Renner, no Rio Grande do Sul. Essa decisão foi boa para testarmos o processo e a operação. O passo seguinte foi racional, levando em consideração a proximidade geográfica entre Brasil e Argentina e o fato de ser um mercado consumidor maior.
O momento econômico delicado influenciou na decisão?
Uma empresa com 54 anos quer ser uma empresa perene, olhando a médio e longo prazos. A maior parte dos países da América do Sul têm dificuldades. Para nós, essa expansão faz sentido do ponto de vista estrutural. A economia sempre se regula, pode demorar mais ou demorar menos. Quando a economia está mais deprimida, é menor porque as empresas não investem tanto. Quando a situação melhora, a oferta melhora. Procuramos chegar com uma boa proposta de valor, que faça sentido para os consumidores. Em momentos delicados, quem tem a melhor proposta sobressai. A abertura das lojas na Argentina é recente, mas nos primeiros dias já estamos cumprindo as expectativas. As lojas estão bastante cheias.
Qual é a expectativa para a operação argentina, que estreou às vésperas do Natal na mesma semana em que assumiu o novo governo?
Entramos com quatro lojas para testar o mercado, a operação e a aceitação da marca, dos produtos e dos serviços. Fazer isso com uma loja é algo incerto, porque depende de massa crítica. Por isso, apostamos em um conjunto de lojas para avaliar quanto estamos acertando. Quisemos ter duas lojas em Buenos Aires e duas em Córdoba para testar com públicos que são distintos. Mais do que o novo governo, este é o momento importante para o varejo, é a época com maior fluxo de clientes. Corremos para abrir antes porque vimos a oportunidade de o público conhecer a loja. Se abríssemos em janeiro ou fevereiro, o público seria muito menor e demoraria mais para conhecer nossas marcas.
Quais são as ferramentas que a Renner oferece atualmente?
Estamos expandindo para mais lojas o uso do smartphone pelo vendedor para processar a compra. Em Santa Catarina, Minas Gerais e Ceará, a legislação não permite a emissão da nota fiscal digital. No Uruguai, entramos recentemente e, na Argentina, já estamos viabilizando. Além disso, temos 30 lojas em que um aplicativo permite que o próprio cliente, por meio do autoatendimento, processe suas compras. São serviços que agregam melhorias.
A expansão internacional deve levar a marca a outro país em 2020?
Em 2020, não temos planos para outros países. Queremos estabilizar a operação argentina e observar o mercado a partir dessas quatro lojas.
Que tipo de adaptação está sendo feita para a linha de produtos vendidos no país vizinho? A Renner chega com produto financeiro também?
Tanto no Uruguai quanto na Argentina, estamos apenas com a operação no varejo, ainda sem o braço financeiro. Podemos estudar no futuro. Temos desenvolvimento constante de coleções. Os ajustes na oferta de produtos são relacionados ao clima. No Brasil, nas regiões com clima mais quente, oferecemos mais estampa.
Como esse ajuste é feito?
Os algoritmos serão cada vez mais importantes na Renner. Trabalhamos com dados para tomar a decisão sobre o mix de produtos. Hoje, 8,5% dessa decisão é feita com a ajuda da inteligência artificial. O restante é com base no time que avalia o que fazer a partir de dados das lojas. Essa é a área em que vejo o maior potencial de crescimento, com a digitalização e a melhoria de experiência para encantar o consumidor. Temos desenvolvido soluções que façam sentido para a experiência do cliente com a marca.