As frutas que estarão nas ceias de Natal e nas festas de Ano Novo percorrem um longo caminho até chegarem à mesa do brasileiro. E muitas vezes o trajeto inclui uma passagem pela Ceagesp, em São Paulo, não importando se o ponto de partida foi o Vale do São Francisco, no Nordeste, o Chile ou mesmo o Egito.
No mês de dezembro, passam pelo maior entreposto comercial da América Latina cerca de 300 mil toneladas de produtos, principalmente frutas. O movimento de caminhões quase dobra nos dias que antecedem o Natal, chegando a 20 mil por dia.
Transitar tranquilamente lá dentro só para os experientes motoristas - normalmente, os horários para carregar e descarregar são pré-determinados, mas até a semana que antecede o Ano Novo essa operação vai funcionar 24 horas.
"É uma bagunça organizada", diz o economista Flávio Godas, da Seção de Economia e Desenvolvimento da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). Frutas típicas desta época, como ameixa, uvas e pêssego, e também as tropicais, mais baratas, como melancia, têm aumento nas vendas de 30%.
Parte dos produtos mais procurados é importada, como a cereja, que vem quase toda do Chile, o damasco, importado da Turquia, e as tâmaras, trazidas do Egito. Mas a recente valorização do dólar não chega necessariamente a mexer nos preços, segundo Godas, porque os contratos de compra são feitos com bastante antecedência.
Exemplo disso é que o damasco está cerca de 6% mais barato este ano em relação ao Natal passado. Com essa condição, o volume comercializado da fruta, muito usada em receitas natalinas, pode até ser maior que o dos últimos anos, quando chegou a 35 toneladas.
Parece muito, mas é bem menos do que se vendeu no ano passado apenas da uva Niágara: 3.602 toneladas. Essa variedade é muito cultivada no interior de São Paulo, mas outras, plantadas na região do Rio São Francisco, também fazem sucesso na Ceagesp - só de uvas sem semente do tipo Thompson, por exemplo, foram vendidas 1.300 toneladas em dezembro passado.
Como o controle de boa parte da carga que passa pela Ceagesp é feito manualmente, e não de forma digital, a compilação de todos os dados desta temporada só será concluída depois do Natal. Mas o economista Godas, que trabalha no entreposto há 27 anos, já percebe um aumento no movimento em relação aos últimos dois anos.
Ele também observa a constante melhora na produção nacional de frutas, como o pêssego, plantado no interior de São Paulo e na Região Sul. "A safra deste ano está muito boa, o que encareceu o produto em cerca de 10%".