Jornal Correio Braziliense

Economia

Espera de 4,5% na Selic


O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central começa hoje a última reunião do ano para a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 5% ao ano. O mercado não acredita em surpresas e aposta que a autoridade monetária vai promover mais um corte de 0,5 ponto percentual (p.p.), como tem sinalizado desde outubro, reduzindo a Selic para 4,5% ao ano, apesar da alta da inflação em novembro e da volatilidade do câmbio. Também é consenso que o teor do comunicado será mais importante do que a decisão, porque vai apontar se o ciclo de cortes continua em 2019. Para alguns economistas, a taxa deve ficar em 4,5% em 2020; para outros, no entanto, há espaço para mais redução.

Flavio Serrano, economista-chefe Banco Haitong, garantiu que não há risco de o BC voltar atrás na decisão de levar a Selic para 4,5%. ;Isso está contratado, porque a aceleração da inflação é pontual, por conta de um choque de oferta. O país exportou mais carne, faltou aqui, subiu o preço. Mas a política monetária não tem efeito nenhum sobre isso. O BC olha o núcleo da inflação, que ainda está abaixo do centro da meta (de 4,25% em 2019);, disse. Serrano estimou que o ciclo de cortes está próximo do fim. ;O Copom deve assumir uma postura mais conservadora. O comunicado é que vai dar o tom de como vai agir daqui para frente.;

Na opinião de José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, o conselho vai reduzir para 4,5% na decisão que será anunciada amanhã, depois do segundo dia de reunião. ;Esperamos que o comunicado aponte para a adoção de cautela;, avaliou.

Mais cortes

Para os economistas do Itaú, a redução será de 0,50 p.p., para 4,5% a.a, e deve voltar a promover corte em 2020. ;Não vemos risco de inflação excessiva no horizonte relevante para a política monetária (...). Dessa forma, esperamos juros ainda mais baixos à frente, com taxa Selic em 4% ao ano em 2020.;

A consultoria Rosenberg Associados também aposta em nova redução, porém mais modesta. ;A reunião do Copom deve ratificar a antecipada redução da Selic para 4,5%, deixando em aberto a possibilidade de mais um corte de 0,25 p.p., sem, contudo, se comprometer;, analisou.

Para a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), é prevista a queda de 0,5 p.p.. Para o ano que vem, estimou outra queda, chegando a 4,25% ao final de 2020. ;Olhando para a frente, entretanto, houve alterações importantes na inflação de curto prazo e no movimento da taxa de câmbio. Por isso, apesar de prevermos um corte adicional em fevereiro de 2020, o cenário tornou-se mais incerto, e o Copom ficará dependente dos dados para decidir se estende o corte de juros ou se interrompe a queda em 4,5%;, explicou Fernando Honorato, coordenador do Grupo Consultivo Macroeconômico da Anbima.