O objetivo do VW Move, conta Fabio Rabelo, gerente executivo de Digitalização e Novos Modelos de Negócios da Volkswagen América do Su, é melhorar a mobilidade para o cliente que tem de deixar seu carro na concessionária para a revisão ou algum outro tipo de reparo e fica sem uma alternativa satisfatória para se locomover. Mas não quer dizer que apenas quem vai deixar o veículo na loja é que pode contratar a locação do carro. Quem é dono de um modelo de outra concessionária ou simplesmente não tem carro também está apto.
Além da comodidade para o cliente, Rabelo explica que essa estratégia deve servir como uma forma de melhorar o ponto de contato com a marca e suprir as dúvidas deixadas durante um test-drive, por exemplo ; que dura pouco tempo e oferece experiências muito limitadas para o motorista. Ao alugar o carro, o potencial cliente pode, por exemplo, testar o desempenho na estrada, o consumo de combustível ou avaliar os prós e contras na hora de estacionar na garagem do condomínio.
A montadora escolheu três modelos para o serviço de locação. A hora de locação do T-Cross CL, do Virtus CL e do Voyage AT custa, respectivamente, R$ 19, R$ 17 e R$ 12. Já a diária sai por R$ 110, R$ 100 e R$ 79, pela ordem. Também é cobrado o valor de R$ 0,50 por quilômetro rodado.
A concessionária Faria foi escolhida para começar o programa, segundo Rabelo, por conta do volume de atendimento no pós-venda e a localização central. A segunda unidade, na Zona Sul de São Paulo, deve passar a oferecer o serviço nos próximos dias. A terceira loja a aderir ao projeto, em janeiro, será no interior do estado. Ao mesmo tempo que define a meta de crescimento para o serviço, a montadora está investindo em parceria com Mobility Power System e EuroIT no desenvolvimento de um aplicativo que permita fazer o agendamento do serviço.
Soluções
O ponto de partida do projeto surgiu no 1; Hackathon Volkswagen, em 2018, que teve a participação de 72 funcionários. O programa tem a proposta de buscar o desenvolvimento de soluções inovadoras e colaborativas para a empresa. Em uma etapa seguinte, a ideia foi levada à associação que representa as concessionárias da marca. A decisão de começar por São Paulo foi tomada por conta da proximidade com a matriz, no ABC Paulista, o que facilita o acesso para acompanhar de perto a evolução do novo negócio.;Temos cada vez mais nos digitalizado e atuado com a cabeça de start up. Por isso, procuramos entender como o mercado funciona, saber se o que está sendo oferecido atende à demanda, se o preço é o adequado para só então poder dar escala ao projeto;, explica o executivo.
Os veículos disponíveis para locação pelo VW Move são da Flete Solutions, empresa que atua na terceirização de frota e faz parte da divisão da VW Serviços Financeiros, o banco da montadora. Segundo Rabelo, a decisão foi tomada por causa da infraestrutura da empresa, que permite fazer uma reposição rápida de carros nas concessionárias caso haja a necessidade de substituição.
Na fase piloto, estão sendo oferecidos apenas três unidades de cada modelo. Rabelo acredita na tendência de crescimento. ;Um volume enorme de clientes deixa o carro para revisão e volta mais tarde ou no dia seguinte para pegá-lo de volta. A maioria acaba recorrendo ao Uber ou ao táxi. Por que não pode alugar um carro nosso? Se ele precisar do veículo por apenas algumas horas, a locadora não vai oferecer essa opção;, avalia.
Apesar de ser uma alternativa às locadoras, o executivo diz que não quer bater de frente com essas empresas. ;Não vamos brigar com as locadoras.; O VW Move também vai permitir à montadora fazer um outro tipo de aproximação dos usuários de carros que pode, no futuro, avançar para outro modelo de negócios já disponível na Alemanha: o de compartilhamento de carros. Nele, o veículo é alugado pelo cliente por meio de um aplicativo, que mostra a localização da frota, e o pagamento é por tempo de uso.
No país-sede da montadora, os modelos oferecidos para o uso compartilhado são elétricos. No caso do VW Move, no entanto, não há essa opção, que poderá ser agregada no futuro. Segundo o executivo da montadora, a rede de abastecimento ainda é pequena no país, o que ainda torna a alternativa pouco atraente para o motorista.
;No VW Move também oferecemos um carro compartilhado, mas não no mesmo formato da Alemanha, porque ainda não é algo escalável no Brasil. Primeiro precisamos entender como o cliente vai se comportar para então avaliar o que é mais viável e avançar com o projeto;.
A cautela de Rabelo quanto ao serviço alemão é justificável. A modalidade de carsharing ainda não decolou no Brasil. Ao contrário do fenômeno que se vê no compartilhamento de bicicletas e patinetes, no caso dos carros, a adesão é baixa. São poucas as opções de prestadores de serviço, a frota é enxuta e concentrada em algumas grandes cidades.
No fim de novembro, por exemplo, a Zazcar, fundada há 10 anos, anunciou que encerraria a operação de compartilhamento de carros em São Paulo. A startup informou em seu site que seguiria apenas no mercado B2B, como provedora de tecnologia de carsharing. ;No Brasil, várias empresas entraram e várias saíram;, lembra o executivo a Volkswagen.
Até agora, o modelo mais procurado pelos clientes do VW Move é o T-Cross. A maioria tem optado por alugar o veículo por algumas horas. Na concessionária, os funcionários que fizerem o agendamento da revisão já estão treinados para oferecer o serviço de locação de veículo. A montadora não divulga o investimento no projeto.