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A alta dos alimentos vai muito além das carnes. Quem vai ao supermercado encontra uma gama de produtos que estão bem mais caros do que nos últimos meses, o que vêm chamando a atenção dos especialistas. Os reajustes devem se refletir no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro, que será divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A previsão, segundo o economista-chefe da Corretora Ativa, Carlos Thadeu Filho, é de que a inflação oficial tenha batido em 0,48%, quase cinco vezes mais do que o 0,10% registrado no mês anterior. Para dezembro, ele prevê que o índice chegue a 0,92%.
;Essas altas afetam tremendamente o meu orçamento, porque são coisas que a gente não para de consumir. Carne, a gente substitui por um frango ou peixe, mas verduras, folhas e frutas não têm como. Minha mãe é uma senhorinha e depende desses alimentos, que não dá para substituir nem cortar;, lamentou a dona de casa Lúcia de Fátima, 59 anos, moradora do Cruzeiro Velho, que leva um susto todas as vezes que vai ao supermercado. Ontem, ela constatou que a banana e as hortaliças estão entre os itens mais caros.
Para o desespero de Lúcia, porém, a disparada no preço da carne bovina já se reflete na alta de outras fontes de proteína, como o frango. ;Quando a carne começou a subir muito, as pessoas começaram a restringir o consumo, pensando que era só substituir carne de gado por outras. Isso normalmente funcionaria em uma economia mais concorrencial, sem tantas especulações e produção suficiente para atender velocidade de consumo, mas os produtos que a gente chama de substitutos também acabaram subindo;, destaca o especialista em economia doméstica Roberto Bocaccio Piscitelli.
A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), detectou a tendência de alta em outros itens de alimentação. ;Observou-se alta, além da carne, no feijão, principalmente carioquinha. O óleo de soja também já vem aumentando há algum tempo, porque parte da matéria-prima está sendo destinada à produção de biodiesel. E, com a exportação, a oferta interna diminui e o preço tende a aumentar. A farinha de trigo, que é majoritariamente importada, também acaba subindo com a alta do dólar;, destaca a supervisora de preços do Dieese, Patrícia Costa.
A professora Tatiana Rodrigues de Souza, 41 anos, já percebeu que os itens básicos estão mais caros. ;Feijão e hortaliças subiram muito. Toda vez que você vai ao mercado leva menos e paga mais. Tenho feito as compras mais regradas. Geralmente, procuro mais as promoções e busco comprar produtos de limpeza no atacado. Assim, a gente consegue fazer economia. Agora, já na parte de hortaliças e frutas a gente vai requebrando;, disse.
* Estagiárias sob supervisão de Odail Figueiredo