As bolsas de Nova York fecharam em queda nesta terça-feira, 3, pressionadas por declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o comércio. Os índices ainda chegaram a reduzir perdas à tarde, mas o quadro de menor apetite por risco prevaleceu.
O índice Dow Jones fechou em baixa de 1,01%, em 27.502,81 pontos, o Nasdaq recuou 0,55%, a 8.520,64 pontos, e o S 500 teve queda de 0,66%, a 3.093,20 pontos. O S 500 registrou patamar de fechamento mais baixo desde 8 de novembro, com os setores de energia, financeiro e de consumo discricionário entre as maiores perdas. O índice VIX de volatilidade, por sua vez, subiu 7,04%, a 15,96 pontos.
Em Londres para a cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Trump disse em entrevista coletiva que não há prazo para a conclusão de um eventual acordo comercial com a China. Ele comentou inclusive que poderia esperar a eleição presidencial americana, em novembro de 2020, para só então fechar esse pacto. Mesmo que também tenha dado declarações mais otimistas, dizendo por exemplo que em breve deve haver novidades sobre o assunto, a fala foi recebida com cautela. Além disso, o presidente americano ameaçou impor tarifas contra produtos da França, retaliando o país europeu por causa de um imposto sobre a receita de empresas digitais do governo francês, que afeta algumas gigantes do setor nos EUA.
No fim da manhã, as bolsas ainda pioraram, após relatos da Fox News de que os EUA pretendem seguir adiante com tarifas à China previstas para começar a vigorar em 15 de dezembro. Nesse quadro, empresas mais sensíveis ao comércio foram penalizadas. Boeing teve baixa de 0,87%, Caterpillar cedeu 2,03% e 3M, 1,84%.
Alguns analistas viram o noticiário sobre Trump como um alerta dos riscos ao comércio. A Oxford Economics afirmou em relatório que o otimismo do último mês nas ações globais, com o menor temor de recessão, pode dar lugar em breve a um "significativo risco de uma reversão, a menos que ocorra uma virada mais clara nos fundamentos". A consultoria diz que a melhora nos dados foi modesta e que não há sinais de aceleração significativa no crescimento global em 2020, enquanto balanços mostram resultados mais modestos e as expectativas para os próximos 12 meses começam a piorar. "Permanecemos portanto cautelosos sobre as ações globais e as dos EUA em particular", adverte a Oxford.