A atividade econômica se manteve em expannsão no terceiro trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB) será divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e, segundo analistas, deve repetir o resultado do período anterior, com crescimento de 0,4% no período.
Esse movimento indica um crescimento lento. Para o professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB) José Luis Oreiro, a explicação para o fenômeno é a queda do custo de vida, medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). ;A inflação possibilitou esses resultados. Em abril estava em 5%. De maio até outubro, baixou até desacelerar. Quando isso acontece, a massa salarial cresce, e as negociações coletivas (entre os sindicatos de trabalhadores e empresas) promovem um reajuste nominal, ampliando a renda. Quando o poder aquisitivo do trabalhador aumenta, estimula o consumo das famílias, motor do PIB;, explicou.
Por isso, Oreiro estimou que a inflação irá subir nos dois últimos meses do ano, provocando queda da massa real de salários, o que irá afetar diretamente as famílias brasileiras. ;A aceleração da inflação vai diminuir o consumo e os números serão piores do que o mercado está esperando. O 13; salário não é novidade, e o resgate de parcela do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) é muito limitado;, disse.
O professor destacou que a maioria das pessoas vai usar a renda extra para pagar dívidas e, não, para fazer compra. ;Haverá impacto, mas muito marginal. Esses recursos liberados não são fatores novos capazes de impulsionar a economia. Essa injeção de agora é muito pequena a ponto de gerar uma demanda grande de consumo;, avaliou.
Entretanto, a economista-chefe da Rosenberg Associados, Thais Zara, afirmou que a liberação dos recursos previstos vai colaborar para o ânimo do consumo, mesmo que a confiança possa ser afetada. ;O consumo das famílias deve continuar sustentando a economia na passagem deste quarto trimestre para o início de 2020, por conta do FGTS e 13;. A aceleração da inflação deve ter pouco impacto, embora possa trazer alguma moderação à recuperação da confiança das famílias;, disse.
Para Zara, o terceiro trimestre mostra uma recuperação ainda moderada, mas há expectativa de aceleração para o quarto trimestre, à medida que os efeitos da queda da taxa de juros sejam sentidos. ;A aceleração da inflação é pontual e, em grande medida, já esperada. Além disso, apesar da leve alta, ficará ainda bem aquém do centro da meta;, acrescentou.
- Projeção do IPCA sobe para 3,52%
Economistas do mercado financeiro elevaram a estimativa de inflação para este ano pela quarta semana seguida. Segundo o Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central (BC), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve a projeção elevada de 3,46% para 3,52%. Há um mês, a previsão para o fim de 2019 era 3,29%. Para 2020 o índice permaneceu em 3,60%, no mesmo patamar de quatro semanas atrás, assim como as projeções para 2021 (3,75%) e 2022 (3,50%). Mesmo com o aumento do IPCA, a expectativa de inflação do mercado segue abaixo da meta central fixada em 4,25%. O mercado manteve a previsão para a taxa básica de juros, Selic, no fim de 2019, em 4,5% ao ano, abrindo espaço para mais um corte até o fim do ano. A taxa, atualmente, está em 5% ao ano.