O dólar fechou nesta segunda-feira, 2, no menor nível em dez dias, em baixa de 0,68%, a R$ 4,2119. A segunda-feira foi marcada por queda do dólar ante a maioria das divisas, em meio a renovados temores sobre os rumos das negociações comerciais entre Estados Unidos e China após a decisão de Donald Trump de taxar o aço do Brasil e da Argentina. A nova revisão nos números da balança comercial, anunciada hoje à tarde pelo ministério da Economia, que aumentou as exportações brasileiras dos últimos três meses em US$ 6,5 bilhões, também ajudou a fortalecer o real, que teve um dos melhores desempenhos hoje no mercado internacional de moedas.
O dólar fechou perto das mínimas do dia, que foi de R$ 4,2114. Logo pela manhã, a moeda americana foi às máximas, a R$ 4,25 em meio às dúvidas causadas pela mensagem postada por Trump no Twitter, que acusou o Brasil e a Argentina de desvalorizarem suas moedas para tornar o aço mais competitivo.
O economista do ING, especialista em comércio internacional, Timme Spakman, observa que a visão do presidente americano sobre a moeda brasileira e argentina está equivocada. "Em nossa visão, não são autoridades brasileiras e argentinas as responsáveis pela fraqueza das moedas, mas as forças de mercado", avalia ele. Para o economista, a China vai avaliar a decisão de Trump sobre o Brasil e a Argentina "de perto", pois os dois países já haviam fechado acordo com a Casa Branca sobre o aço no ano passado. As autoridades de Pequim devem estar se perguntando sobre o quão longe podem ir com as negociações comerciais, sabendo que um acordo pode ter vida curta, ressalta ele.
Para Cleber Alessie Machado Neto, operador de câmbio da H.Commcor DTVM, o dia no mercado cambial foi de correção, seguindo o movimento dos ativos americanos. Tanto nas bolsas americanas quanto europeias, a primeira etapa do pregão foi no terreno negativo. "Os dados ruins da economia dos Estados Unidos e a continuidade das incertezas sobre a guerra comercial ativaram a correção das bolsas e do próprio dólar, que caiu contra praticamente todas as divisas, tanto fortes quanto de emergentes", disse Neto.
"O mercado fica muito inseguro com isso tudo e me surpreende a resiliência dos ativos brasileiros hoje", disse o operador da H.Commcor. Do ponto de vista interno, ele ressalta que o mercado está vendo com bons olhos as revisões das exportações que vêm sendo feitas pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Na quinta-feira passada, as vendas externas de novembro já haviam sido revisadas para cima em quase US$ 4 bilhões. Hoje, foram os números de setembro e outubro que foram melhorados. Com isso, as exportações dos últimos três meses cresceram em US$ 6,488 bilhões.