A Black Friday deve girar R$ 150 milhões neste ano no Distrito Federal, segundo estimativa do Sindicato do Comércio Varejista do DF. A expectativa é de um aumento de 5% nas vendas em relação à mesma data do ano passado. Televisores, geladeiras e máquinas de lavar foram os produtos mais procurados pelos consumidores, que, ontem, dia de maior movimento do período de promoções, lotaram lojas de rua e corredores dos shopping centers buscando aproveitar os descontos oferecidos pelos comerciantes. Cerca de 94% das compras foram feitas no cartão de crédito e os clientes gastaram, em média, 13% a mais do que no ano passado, segundo o sindicato.
Fábio Bentes, economista sênior da Confederação Nacional do Comércio (CNC) diz que a entidade pesquisou mais de 25 linhas de produtos para descobrir quais deles estavam com um maior desconto no período da Black Friday. ;Os campeões foram os smartbands, que tiveram queda média de 26%, isso em relação ao preço praticado nos últimos dias. Depois, tivemos as impressoras e multifuncionais com 16% e as smartTV Box, que tiveram um desconto médio de 11%.; Segundo Bentes, o evento de 2019 foi o maior dos últimos 10 anos. Na estimativa da CNC, foram movimentados cerca de R$ 3,6 bilhões em todo o país, um aumento de 7% (descontada a inflação). ;Foi a data que mais cresceu entre todas no ano de 2019, já ultrapassou a Páscoa e o Dia dos Namorados;, afirmou.
Levantamento feito pelo Correio mostra que, em Brasília, os lojistas estão oferecendo descontos de 10% a 50%. Alessandra Corcínio Velasques, de 35 anos, gerente de uma loja de produtos de cama, mesa e banho, contou que o faturamento de ontem ultrapassou o da mesma data comemorativa de 2018. ;Pelos nossos cálculos, já aumentamos cerca de 5%. Aqui na loja temos descontos de 10% a 40%, o que não é comum em datas normais;, disse Alessandra.
Internet
Além de se consolidar como uma data de fortes vendas no varejo, a Black Friday deu forte impulso ao comércio pela internet. Em algumas empresas de comércio eletrônico, o faturamento triplicou. Samantha Schwarz, gerente da Infracommerce, diz que as vendas foram 20% maiores do que no ano passado, superando as expectativas da empresa. De acordo com ela, no cenário do e-commerce, o maior mercado é o de confecções, vindo, em seguida, os produtos eletrônicos.
No Mercado Livre, os produtos mais vendidos foram smart TVs e smartphones. Além disso, 56% das compras nesta semana foram via aplicativos. O marketplace contou com mais de 150 mil ofertas e descontos em produtos de beleza, moda, autopartes, bebidas e produtos eletrônicos. O vice-presidente da Weel, uma empresa que realiza operações de antecipação de recebíveis, Nathan Yoles, afirmou que o resultado da Black Friday deste ano foi extremamente satisfatório para o comércio.
Noemi Ramos, de 45 anos, técnica de enfermagem, afirmou que, se tivesse o 13; salário e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em mãos, gastaria muito mais do que gastou ontem. ;Comprei um multiprocessador, panela elétrica, liquidificador e umas travessas de vidro. Queria comprar uma cafeteira, mas já gastei todo meu dinheiro. Se eu tivesse recebido meu FGTS e 13 ; com toda certeza gastaria mais ainda;, disse. Apesar de se considerar muito consumista, Noemi afirmou não possuir muitas dívidas, porque quase sempre opta por comprar em dinheiro.
A pensionista Dovelina Flávia de Souza, 53 anos, aproveitou a data para comprar itens de que estava precisando para a casa. Ela disse que os preços estavam em conta e pagou as compras à vista. ;Está valendo a pena, mas as filas estão muito grande. Passei duas horas na fila do caixa;, relata a moradora do Itapoã.
Sem diferença
Para alguns consumidores, no entanto, os preços não estão tão atrativos. A operadora de caixa Sandra de Oliveira, 32, se arrependeu de sair de casa ontem. ;Demorei mais de uma hora para chegar ao Plano Piloto e me deparar com os mesmos valores de duas semanas atrás. Não vi diferença, só que as lojas estão lotadas;, reclamou a moradora da Cidade Ocidental. Ela foi às compras usando o transporte público e não sabia como voltar para casa com a TV e um forno elétrico que acabou comprando, mesmo sem ter muita promoção.
Além das lojas de varejo, o comércio no setor de alimentação também ganhou o gosto dos clientes na sexta-feira. A franquia de uma rede de lanchonetes em um shopping de Brasília estava com a fila dando voltas. A promoção, que oferecia seis sanduíches por R$ 15 atraiu os brasilienses, que chegaram a esperar mais de duas horas para fazer o pedido no caixa. O lanche para o almoço das estudantes Larissa Emanuelle Borges, 21, e Laura Fernandes da Silva, 20, foi garantido com muita paciência e espera. ;Saímos mais cedo da faculdade e resolvemos comer aqui no shopping. Chegamos às 10h30 e já tinha fila. Mas a promoção está muito boa e vale a espera;, explica Larissa, que ainda ganhou um cupom de degustação de uma outra loja enquanto estava aguardando para fazer o pedido.
O coordenador da Sondagem do Comércio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Rodolpho Tobler, avaliou que a data deve ajudar a reaquecer a economia neste fim de ano. Ele disse que, depois de um início de certo descrédito, o evento ganhou força e credibilidade. ;Essa é a décima edição da Black Friday. No começo, havia muita polêmica, era até chamada de ;black fraude;. Mas isso tem sido deixado pra trás por conta do consumidor e dos comerciantes terem aderido cada vez mais ao evento;, ressaltou.
* Estagiários sob supervisão de Odail Figueiredo
- Dicas para o ;Pós-Black Friday;
Especialista orienta consumidores caso enfrentem problemas com as compras
;Toda compra realizada fora de estabelecimento comercial tem prazo de até sete dias para ser devolvida sem justificativa, com retorno do valor integral da compra. Basta não utilizar o produto.
;Tome o cuidado de verificar se o site em que você comprou tem o símbolo de um cadeado ao lado do link. Ele prova que o site é real.
;Caso tenha algum problema, recorra primeiro à própria loja, depois a portais de resoluções de problemas como o Reclame Aqui. Após isso, ao Procon, e em último caso, ao juizado especial de pequenas causas.
;Verifique a política de trocas das lojas físicas. Elas não têm obrigação de trocar o produto se ele não tiver nenhum defeito.
;O transporte é um risco da loja. O consumidor não pode arcar com prejuízos causados pelas transportadoras.
Fonte: Rafael Klier, advogado de direito civil e do consumidor