Jornal Correio Braziliense

Economia

Com pressão de carnes, Fipe eleva projeção para IPC do mês, de 0,35% para 0,57%

A alta do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) de 0,26% na segunda quadrissemana de novembro para 0,44% na terceira leitura do mês surpreendeu o coordenador do índice, Guilherme Moreira, que esperava avanço de 0,31% para o indicador paulistano. Segundo Moreira, houve aumento maior do que previsto e generalizado nos diferentes tipos de carne e também em feijão. Com isso, a projeção do IPC de novembro passou de 0,35% para 0,57%, principalmente pelo choque de proteínas, que tem relação com o aumento da demanda pela China no contexto da peste suína no País. Depois da divulgação do índice deste mês, Moreira ainda indicou que deve alterar a projeção de 2019 de 3,41% para cerca de 3,52%. "Até a semana passada, só a carne bovina subia fortemente, agora houve porcentuais elevados também das aves e da carne suína. Agora contaminou e deve continuar com avanço significativo nas próximas semanas, em novembro e em dezembro. Além disso, o preço de feijão também aumentou e a tendência é continuar." As carnes bovinas subiram de 4,20% para 8,03% da segunda para a terceira quadrissemana, e a ponta (pesquisas mais recentes - terceira semana de novembro ante mesmo período de outubro) já mostra alta de 16,70%. As suínas passaram de 3,11% para 6,61% e as aves saíram de -0,90% para avanço de 6,61%, as pontas mostram alta de 11,80% e 9,30%, respectivamente. O feijão deixou a queda de 1,46% e subiu 3,17%, e as pesquisas mais recentes mostram elevação de 14,8%. Moreira lembra ainda que a depreciação forte do real ante o dólar aumenta o risco de novos aumentos da gasolina (0,73% para 0,68%), além dos dois últimos já anunciados pela Petrobras e que ainda não afetaram o índice, o que pode deixar ainda mais pressionado o IPC no fim do ano. Os custos com viagem (9,78% para 13,53%) também são influência para cima devido à sazonalidade de fim de ano, assim como os jogos lotéricos (5,18% para 12,62%) por causa do reajuste recente. A energia elétrica (-2,91% para -2,92%) deve também começar a captar a mudança de bandeira amarela para vermelha 1 entre outubro e novembro na próxima leitura. Moreira avalia que as pressões de carne e gasolina, combinado com a depreciação cambial, são um risco para o IPC, mas que são todos choques de custo e que estão concentrados até o momento. "Ainda é cedo para falar em contaminação para 2020, porque a inflação ainda está bem comportada, principalmente os núcleos, e a ociosidade deve continuar grande, mesmo com a recuperação mais forte prevista para o ano que vem."