Jornal Correio Braziliense

Economia

Juros fecham em queda no dia, com fatores técnicos, mas acumulam alta na semana

Os juros futuros devolveram boa parte do avanço visto na sessão de quinta, com as taxas dos principais contratos recuando durante toda a sexta-feira. No fechamento, conservavam recuo firme, mesmo com o dólar tendo à tarde zerado as perdas ante o real para terminar o dia estável. Profissionais da área de renda fixa afirmam que o mercado de juros foi muito influenciado por fatores técnicos, com investidores aproveitando para recompor posições vendidas, após o forte movimento de zeragem visto quinta. O IPCA-15 de novembro veio levemente abaixo das estimativas dos analistas, com avanço dos núcleos mas alívio nos preços de serviços. De todo modo, com o recuo das taxas, a curva voltou a mostrar apostas divididas para o Copom de fevereiro. O volume de contratos negociados foi bastante expressivo, ainda que não tanto quanto quinta. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 4,650% (regular e estendida), de 4,729% quinta no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 5,931% para 5,88% (regular) e 5,87% (estendida). A do DI para janeiro de 2025 terminou em 6,45% (regular e estendida), de 6,501%, e a do DI para janeiro de 2027 recuou de 6,811% para 6,77% (regular e estendida). Na semana, acumularam prêmio, com avanço de cerca de 10 pontos-base. "Ontem (quinta), teve muito 'stop' e isso limpou o técnico", disse um gestor, para quem, contudo, a perspectiva de avanço da inflação nos próximos meses, ainda que não altere a percepção de que há espaço para ao menos mais um corte da Selic, traz desconforto para ficar aplicado em juros. O IPCA-15 subiu de 0,09% em outubro para 0,14% em novembro, piso para o mês desde 1998. A mediana das estimativas era de 0,16%. Os núcleos avançaram, mas, na visão dos analistas, nada a ponto de comprometer a percepção de novos cortes para a Selic, mesmo diante também da avaliação de que os preços vão acelerar em novembro e dezembro em razão de uma série de aumentos, como o dos preços das loterias e, principalmente, carnes. "O preço da carne sobe com a China e pela sazonalidade de fim de ano. Não que o BC tenha de ser sensível a isso, mas veremos IPCAs mais altos daqui em diante", disse o gestor citado mais acima. "Os núcleos de inflação, tal como as expectativas de inflação, não sugerem até agora qualquer indício mais forte de recuperação, o que continuará dando conforto para o Banco Central manter seu atual plano de condução para a condução da política monetária", afirmou Felipe Sichel, estrategista do Modalmais. Na curva a termo, a precificação para a Selic na primeira reunião de 2020, em fevereiro, apontava 52% de chance de corte de 25 pontos-base, ante 35% quinta. Para dezembro, a possibilidade de queda de 0,50 ponto, que quinta estava em 65%, subiu para entre 70% e 75%. Os cálculos são do Haitong Banco de Investimento.