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Depois que o petroleiro Bouboulina foi praticamente inocentado de causar o vazamento que sujou as praias nordestinas, surgiu um novo navio suspeito: o Voyager 1, navio-tanque com bandeira das Ilhas Marshall, registrado em nome de uma empresa alemã e que presta serviços para uma operadora da Arábia Saudita. O nome foi dado pelo pesquisador da Universidade Federal de Alagoas, Humberto Barbosa, em audiência ontem, na Câmara dos Deputados.
O coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Satélites da Federal de Alagoas disse que havia um receio diplomático em revelar o nome da embarcação. ;O LAPS não tem ferramenta criminal para dizer que o Voyager 1 é o culpado. Porém, baseado em informações, em evidências de satélites, chegamos a essa conclusão. E também, pela primeira vez, achamos, pelas evidências das imagens de satélite, que as manchas do dia 19 de julho e do dia 24 de julho se relacionam em espaço e tempo que um navio normalmente leva (para percorrer a distância entre elas). Embora o Voyager 1 estivesse com o sinal desligado naquela região, ficamos muito preocupados em anunciar essa informação, porque há uma responsabilidade. O laboratório não tem a missão de investigação. Cabe às autoridades investigar e as nossas informações estão disponíveis;, explicou Humberto, acrescentando que os estudos serão entregues à Marinha e à Polícia Federal, que conduzem a apuração.
A pesquisa do LAPS aponta que o Voyager 1 tem capacidade de carga duas vezes maior que a do Bouboulina, transportava óleo cru venezuelano e detectou que o petroleiro teria fugido da rota que habitualmente faz ; o circuito Ásia-África-América. De acordo com os sites marinetraffic.com e myshiptracking.com, foi fabricado por volta de 2003 e já teve vários nomes, dependendo do contratante. Mas não há mais detalhes a respeito de quem o teria fretado e quem seria seu proprietário.
Balanço da mancha
O número de praias, rios, ilhas e mangues atingidos por óleo no País continua aumentando e chegou a 695, segundo balanço divulgado na quarta-feira, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Ao todo, ao menos 117 municípios de todos os nove estados do Nordeste e do Espírito Santo foram afetados por fragmentos ou manchas desde o dia 30 de agosto.
O balanço também indica que 23 localidades ainda estão com manchas, outras 402 têm fragmentos da substância e 270 são consideradas ;limpas;. Os pontos com mais de 10% de contaminação estão exclusivamente em Alagoas (dois), na Bahia (15), no Rio Grande do Norte (um), em Pernambuco (dois) e no Sergipe (três).
Entre os locais ainda com óleo, 40 ficam na Área de Proteção Ambiente Costa dos Corais, maior unidade de conservação federal marinha costeira do Brasil, com cerca de 120 quilômetros de praias e mangues em Pernambuco e Alagoas.
Em relação à fauna, ao menos 141 animais afetados foram identificados pelo Ibama. Os dados se referem especialmente a tartarugas marinhas (96) e aves (31).