O ministro da Economia, Paulo Guedes, evitou ontem fazer comentários sobre a alta do dólar, que têm preocupado turistas com viagens marcadas para o exterior e empresários que dependem de matérias primas e insumos importados. Ele também não quis avaliar as declarações dadas pelo presidente Jair Bolsonaro, na manhã de ontem, ao sair do Palácio Alvorada, de que ;gostaria de um dólar abaixo de R$ 4;. O comentário do chefe do Executivo foi feito após a moeda norte-americana bater recorde histórico, na segunda-feira, ao chegar a R$ 4,20. O presidente, porém, observou que as oscilações do câmbio não dependem apenas de fatores domésticos. ;O mundo está todo conectado. Qualquer problema lá fora tem reflexo no mundo todo, não é só aqui, não;, disse.
Em tom de ironia, Guedes lembrou outra parte da fala de Bolsonaro. ;O presidente disse que é para perguntar ao Roberto Campos (presidente do Banco Central);, retrucou. Ele também não quis fazer comentários sobre o envio do texto da reforma administrativa ao Congresso Nacional, que ele mesmo prometeu que vai ser entregue na próxima semana.
O ministro participou ontem de reunião com a Frente Parlamentar que defende interesses do setor químico, em um restaurante da capital. Ao deixar o encontro, ele afirmou que o processo de ;abertura gradual e irreversível; da economia brasileira vai ser feito em cima da energia e de logística baratas. ;Nós não vamos soltar a indústria estrangeira em cima da indústria nacional antes de simplificarmos impostos e reduzirmos os juros. Isso nós já estamos fazendo.;
Competitividade
Guedes disse que saiu satisfeito da reunião, na qual recebeu sugestões alinhadas aos princípios do governo de abrir a economia, reduzir subsídios e aumentar a competitividade. Entre as sugestões, na direção de desburocratizar e simplificar, ele ressaltou indicações de como acelerar o processo de aprovação de licenças ambientais. ;A ideia é ter mais eficiência, por uma economia de mercado. Fiquei bem impressionado com essa conversa. Ninguém pediu subsídio, ao contrário;, frisou.
Após o encontro, o ministro voltou a dizer que o governo quer fazer ;um choque de energia barata através do gás natural;. ;Vamos derrubar aí 30% a 40% do preço do gás. Estamos trabalhando em todas as frentes, reduzindo juros, impostos, desonerando a folha. Vamos atacar através da cabotagem, da queda dos custos de logística. A indústria brasileira sofreu golpes durante uma, duas, três, quatro décadas e foi perdendo competitividade;, explicou o ministro. (VB)