Jornal Correio Braziliense

Economia

''Brasil quer livre comércio com a China'', afirma Paulo Guedes

De acordo com o ministro, após 40 anos de uma economia brasileira isolada do comércio global, o governo buscará um caminho rápido para a abertura econômica nos próximos anos da gestão Bolsonaro

[FOTO1]O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o Brasil tem a intenção de negociar um acordo de livre comércio com a China. ;Já fizemos acordo com a União Europeia e agora estamos conversando sobre ;free trade; (livre comércio), ao mesmo tempo em que falamos sobre nossa entra na OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico). Estamos em busca de um alto nível de integração. Queremos nos integrar às cadeias globais, perdemos tempo demais, temos pressa;, disse nesta quarta-feira (13/11) em seminário do banco dos Brics, formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que se reúnem em Brasília nesta semana.

De acordo com ele, após 40 anos de uma economia brasileira isolada do comércio global, o governo buscará um caminho rápido para a abertura econômica nos próximos anos da gestão Bolsonaro. "Menos de 20 anos atrás os PIBs (Produto Interno Bruto) do Brasil e da China eram semelhantes. Acontece que um país permaneceu fechado e o outro se abriu. Agora, a China está bem maior, porque não teve medo de se jogar à cadeia global", comentou.

O ministro ainda destacou que há 20 anos, o Brasil negociava um volume de US$ 2 bilhões ao ano em comércio com a China. Valor que já alcançou os US$ 100 bilhões hoje. Guedes também ressaltou o espaço de negociações com a Índia, outro parceiro do Brics com o qual o volume de troca comercial com o Brasil está em torno de US$ 4 bilhões ao ano. "Estamos bem atrasados nas possibilidades com a Índia. O maior ;upside; (expansão) de comércio é com a própria índia, pois o comércio é limitado. Há um enorme espaço. Não temos nada ainda realizado em termos de comércio", acrescentou.

Guedes afirmou que o governo Bolsonaro chegou com a decisão de buscar a integração e abertura comercial para a prosperidade do país. Segundo ele, os países que ;deram certo no mundo sempre utilizam (o modelo de parceria comercial);. "Os chineses, indianos, malásios, filipinos, todos estão subindo o padrão de vida, melhorando muito. Enquanto isso, a metade de cá, a América Latina, o Mercosul, fez o contrário. Adotamos a cabeça de avestruz: enfiamos a cabeça no chão. Ficamos fechados. Com isso, nosso padrão de vida está piorando, movimento, agitação, reclamação, cai presidente, ditadura, está uma confusão danada aqui na América do Sul. Quer dizer que algo que estamos fazendo está errado e uma dessas coisas é ficarmos de costas para a integração global", criticou.

Em seu discurso no evento, o ministro falou sobre a intenção de aumentar os investimentos em parcerias multilaterais com as economia dos Brics, como a construção de uma estrada para ajudar a escoar mercadorias para a China, por meio do Pacífico. ;Temos uma parceria à frente muito importante. Primeiro porque nós temos noção do que precisamos. E segundo porque o NDB (New Development Bank) tem muito mais experiência de como fazer. E de como nos integrar a essas correntes globais de comércio.Já que estamos em meio de uma onda de tecnologia, o Brasil também perdeu algumas oportunidades. Agora estamos correndo atrás disso: o presidente foi eleito em uma disrupção da mídia tradicional. Esperamos que haja uma revolução educacional no Brasil em cima da transformação digital. Podemos trabalhar juntos para ganhos mútuos. As experiências da Índia no mundo digital são extraordinárias: a digitalização do serviço público na índia está nos inspirando. Há muito o que aprendermos, cooperarmos;, completou.

O ministro ponderou, no entanto, que o Brasil não se interessa por guerras, incertezas ou tensões comerciais, como as que têm sido observadas nos últimos meses entre os Estados Unidos e China. "Ao contrário: we want to be friends with everybody. We are late for the party and we are open for business (nós queremos ser amigos de todos. Estamos atrasados para a festa e estamos abertos aos negócios);, disse em inglês. ;Queremos que seja uma parceria produtiva e que tenha maior impacto social no Brasil;, ressaltou.