Habitação foi a categoria com maior recuo no mês passado, de 0,67%. Segundo o gerente de IPCA do IBGE, Pedro Kislanov, o principal fator que ajudou a frear a inflação do brasiliense em outubro foi a queda no preço da energia elétrica. ;Em setembro, estava em vigor a bandeira tarifária vermelha e, em outubro, passou a vigorar a amarela, que pesa menos na conta de luz. A queda em Brasília foi mais intensa que as demais áreas, já que houve também uma redução nas tarifas. Aliada à troca de bandeira, isso acabou provocando uma queda de 5,44%;, explicou.
Em 22 de outubro, passou a valer decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que reduziu as tarifas da Companhia Energética de Brasília (CEB). Com isso, os consumidores tiveram uma redução média de 6,79%. No entanto a baixa não durou muito, já que a bandeira tarifária voltou ao patamar vermelho em novembro.
Considerando o período dos últimos 12 meses, Kislanov atribuiu o patamar baixo do IPCA em Brasília ao preço da gasolina. ;A contribuição do combustível foi de -0,78 ponto percentual. Tivemos alguns meses seguidos de queda no preço da gasolina e, agora, no último mês, uma alta, mas, pela ótica dos 12 meses, as quedas pesaram mais;, disse. O DF também registrou baixa maior que o resto do Brasil em artigos de residência. Eletrodomésticos e equipamentos puxaram para a categoria para baixo em 0,57%.
Muitos consumidores não chegaram a perceber a variação na tarifa de energia, enquanto no combustível a reclamação dos preços é recorrente. A coreógrafa Luciana Soares, 49 anos, diz que nunca sabe exatamente quanto vai pagar pela gasolina. ;O preço varia muito. No momento, acho caro e, de uns tempos para cá, parece que só aumenta. Usamos o carro para tudo nesta cidade, então pesa bastante no orçamento. É algo que tenho de ter em mente na hora de fechar as contas;, afirmou.
Compras
Alimentação e bebidas também ficaram mais baratos na capital: queda de 0,51% no último mês. ;Não é um efeito restrito de Brasília, embora tenha sido percebido em menor intensidade em outras cidades. Alguns elementos com oferta mais regular, como hortaliças e legumes, itens populares de feira livre, e frutas também têm caído bastante e contribuído para essa deflação. São nas compras semanais das famílias que esses preços ficam mais perceptíveis ao consumidor;, explicou o coordenador do IPC do FGV IBRE, André Braz.A pensionista Maria Rita Gonçalves, de 67 anos, disse que, há mais de dois anos, vê os preços caírem. ;Antigamente, o preço do tomate era o mais alto, e, agora, está bem mais baixo;, disse.
Entre as altas, uma das maiores foi a do item vestuário (%2b0,61%), movimento atribuído à troca de coleções. ;Estamos indo para uma estação mais quente agora;, diz Braz. Neste fim de ano, outros itens também podem aumentar. ;Já identificamos que a carne bovina deve ficar mais cara, assim como e alimentos de agricultura, devido a variações climáticas. Vamos ver no próximo índice também itens de feira encarecendo e energia, pelo reajuste das bandeiras;, diz o pesquisador André Braz, da Fundação Getulio Vargas.
* Estagiários sob supervisão de Odail Figueiredo