A licitação não só arrecadou menos do que o previsto, sem ágios, como atraiu poucas petroleiras estrangeiras. O protagonismo da Petrobras já era esperado, mas o fato de que nenhuma empresa privada chegou a fazer ofertas também preocupa o mercado. A arrecadação foi de R$ 70 bilhões, ante os R$ 106,5 bilhões que eram esperados e duas áreas não despertaram interesse dos investidores
[SAIBAMAIS]O analista de investimentos da Toro, Lucas Carvalho, define o montante como um susto. ;Tivemos a Petrobras como grande destaque do dia e o mercado se mostrou bastante cético e assustado quando soube do ônus de 90% no consórcio em relação ao bloco de Búzios. A empresa já pagaria a diferença, inclusive o presidente disse que vai continuar o compromisso, o que não vai aumentar o endividamento. Essa frase trouxe alívio para mercado que estava estressado e com esses receios que dívida fosse comprometida;, avalia.
Se a arrecadação tivesse sido a esperada, o rombo nas contas públicas de 2019 poderia ser o menor desde 2014, devido à entrada nas contas do Tesouro Nacional dos recursos do leilão. O resultado mais fraco tira metade dos repasses de verbas destinadas a estados e municípios. Ainda assim o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), manifestou uma avaliação positiva com o resultado.
Os maiores reflexos foram no dólar, como destaca o estrategista da RB Investimentos, Daniel Linger. ;A moeda americana vinha caindo principalmente pela esperança de estabilização econômica que já havia sido precificada e a expectativa de entrada de dólar de fora com a cessão onerosa. Como a maioria dos recursos, mais de 90% foram da Petrobras, houve essa decepção em relação a futura entrada de dólares para pagar a cessão, por isso o mercado acabou reagindo dessa maneira;, analisa.