A Selic, taxa básica de juros da economia, foi reduzida de 5,5% para 5% ao ano, seguindo decisão do Copom da semana passada. O parecer acarretou no menor percentual da Selic desde 1999, data de início do regime de metas para a inflação.
A ata do BC estimou que as projeções de inflação estão em "níveis confortáveis" dentro do regime de metas. Essa estimativa inclui as medidas subjacentes, aquelas que procuram captar a tendência dos preços. "As estimativas e projeções de curto prazo indicam que a inflação acumulada em 12 meses ainda deve ter recuado em outubro, para níveis ao redor das mínimas observadas durante o regime de metas para a inflação, voltando a se elevar ao longo dos últimos meses do ano", conforme registrado na ata.
A trajetória de curto prazo, de acordo com avaliação do Copom, reflete uma inflação abaixo do esperado pelo colegiado em setembro e revisão, também para baixo, da projeção referente ao mês de outubro.
Taxa de juros
A inflação é controlada pelo BC, principal compromisso da entidade, seguindo o sistema de metas. Em 2019, a meta central de inflação é de 4,25%, podendo oscilar de 2,75% a 5,75%. Em relação ao ano seguinte, o objetivo central é de 4%, com oscilação de 2,5% a 5,5%.
Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o BC reduz os juros. Quando superam a trajetória esperada, a taxa básica de juros da economia é elevada. A definição da Selic é feita de acordo com as previsões de inflação do ano que vem. O BC permanece atento às mudanças porque as decisões levam meses para ter impacto pleno na economia. A previsão do mercado para este ano é que a inflação fique em 3,29% e, em 2020, em 3,6%.
No cenário com juros e câmbio estimados pelo mercado financeiro, a ata prevê que a inflação ficará em torno de 3,4% para este ano, de 3,6% para 2020 e de 3,5% em 2021, em semelhança com as metas de inflação. O BC pontuou, na ata, que "no horizonte relevante para a política monetária, o cenário com taxa Selic extraída da pesquisa Focus e taxa de câmbio constante produz inflação abaixo da meta para 2020 e ligeiramente abaixo da meta para 2021".
O Copom já indicou que pretende realizar um novo corte de juros, em dezembro, para 4,5% ao ano, conforme o cenário projetado para a inflação. O atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela para as decisões de 2020, em eventuais novos ajustes no grau de estímulo. "O Copom reitera que a comunicação dessa avaliação não restringe as próximas decisões e enfatiza que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação", informa.
Em relação ao mercado financeiro, a estimativa é que o Banco Central reduza novamente os juros em fevereiro, para 4,25% ao ano. Logo, a taxa permanecerá neste patamar até setembro do ano que vem, quando avançaria para 4,5% ao ano até o final de 2020.
Reformas econômicas
A ata do Comitê reitera a perspectiva de que a "continuidade do processo de reformas e a perseverança nos ajustes necessários na economia brasileira são essenciais para permitir a consolidação da queda da taxa de juros estrutural, para o funcionamento pleno da política monetária e para a recuperação sustentável da economia". Além disso, acrescentou que a percepção de continuidade da agenda de reformas influencia as expectativas e projeções macroeconômicas vigentes.
Em relação à relevância da aprovação da Reforma da Previdência pelo Congresso Nacional, os integrantes do Copom reforçaram a importância da continuidade do processo de reformas e ajustes que gerem sustentabilidade da trajetória das contas públicas. "Ao reduzirem incertezas fundamentais sobre a economia brasileira, essas reformas tendem a trabalhar no mesmo sentido da política monetária e, portanto, estimular o investimento privado. Esse potencial efeito expansionista deve contrabalançar impactos de ajustes fiscais correntes sobre a atividade econômica, além de mitigar os riscos de episódios de forte elevação de prêmios de risco", avaliou o Copom.
*Estagiária sob a supervisão de Vinicius Nader