;Deve continuar entre R$ 3,90 a R$ 4 a curto prazo;, afirmou o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo. O gerente de tesouraria do Travelex Bank, Felipe Pellegrini, entretanto, tem uma visão mais otimista.;Se houver um movimento pontual pode romper os R$ 4 novamente, caindo até R$ 3,70. Não vejo uma inversão da tendência;, avalia.
O estrategista da RB Investimentos, Daniel Linger, atribui a descompressão do câmbio à diminuição do risco Brasil. ;Ao longo de outubro, vimos o dólar em um patamar mais alto devido a tensões internacionais, como a guerra comercial, o Brexit e até mesmo a queda de juros em comparação à americana. Com o alívio dessas questões, a aprovação da Previdência e posteriormente a continuidade da agenda positiva brasileira de reformas junto ao discurso de ajustes para a recuperação de economia, o mercado de gestão de risco voltou a ficar mais sustentável;, avalia.
Risco país
O Credit Default Swap (CDS), que mede o custo de proteção contra um calote da dívida soberana brasileira, registrou nesta terça-feira (29/10) a mínima em mais de seis anos. O índice funciona como um termômetro para a aposta do mercado financeiro no país, foi o menor patamar desde 13 de maio de 2013, a 117 pontos. Com a aprovação da reforma da Previdência, investidores veem uma melhora na saúde fiscal e na capacidade do Estado de pagar as contas.
Para Galhardo, é importante o encaminhamento das demais reformas estruturais, que trarão maior estabilidade fiscal para o país. ;Até então, o mercado ainda mantinha dúvidas e tinha insegurança em relação à Previdência, agora está tudo mais tranquilo e o início da tramitação da reforma tributária é importante no contexto macro;, destaca.
Estão no radar dos investidores as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Federal Reserve (Banco Central Americano), que devem anunciar nesta quarta-feira (30/10) um novo corte na taxa de juros. Esse movimento pode voltar a pressionar o câmbio. O fenômeno conhecido como carry trade ocorre quando a posição vendida em moeda com taxa de juros é mais baixa que a comprada. ;Por isso, o dólar não deve ficar muito abaixo dos R$ 4, essa queda de juros acaba tornando o país menos atrativo para investimentos;, justifica o analista da Toro Investimentos, Daniel Herrera.
Pré-sal
O mercado já precifica a retomada de capital com a realização dos dois leilões de petróleo do pré-sal e da rodada de licitações do excedente da cessão onerosa no mês que vem. O megaleilão do pré-sal tem expectativa de arrecadação de mais de R$ 106 bilhões e deve voltar a descomprimir o dólar com a atratividade de investidores estrangeiros.
;O leilão da cessão onerosa vai trazer bastante recurso para o Brasil, com base no resultado anterior alguns analistas já esperam até mais de R$ 110 bilhões. Esse é outro fator que contribui para o dólar buscar um patamar ainda mais baixo;, diz o gerente de câmbio da Treviso.
* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira