O endividamento do servidor aumenta paulatinamente desde dezembro de 2018. Naquela época, no crédito consignado, havia R$ 188,531 milhões em poder dos funcionários públicos. De lá para cá, o valor aumentou para R$ 212,852 milhões, segundo o Banco Central. Nos últimos 12 meses, o empréstimo dessa modalidade subiu 13,7%, percentual superior ao registrado pelos trabalhadores do setor privado (13,5%) e dos beneficiários do INSS (10,6%) no mesmo período. Em setembro, o apetite por dinheiro do funcionalismo também foi superior ao dos demais: 1,5% de alta no confronto com o mês anterior, contra 0,8% e 0,5%, respectivamente.
Quando a análise se restringe apenas aos nove meses de 2019, a alta na busca pelo consignado dos servidores (12,9%) foi menor que a dos empregados privados (15,1%), mas acima da dos aposentados (9,2%). O que chama a atenção, no entanto, é o montante total na mão do funcionalismo, R$ 212,8 milhões. O valor representa 74,8% do total de recursos emprestados em forma de consignado para todos os cidadãos do país, em setembro, que é de R$ 372 milhões.
Mesmo que a demanda tenha, em algumas comparações, sido maior para os trabalhadores da iniciativa privada, o valor global desse público ficou em R$ 22,483 milhões ; e eles são cerca de 33,1 milhões de pessoas com carteira assinada no Brasil. Enquanto o funcionalismo, que lançou mão de quase sete vezes mais, são aproximadamente 11,3 milhões no país. Os aposentados ; 20,3 milhões de inativos ; embolsaram R$ 136,7 milhões.
O grande problema, principalmente para os servidores, é a falta de educação financeira, de acordo com Davi Telles, advogado e consultor financeiro. ;O funcionário público fica mais encalacrado porque acaba recorrendo a vários bancos e categorias de crédito. No consignado, descontado em folha, o valor não pode ultrapassar os 30% do salário líquido. Mas, então, ele compromete o orçamento com crédito direto ao consumidor (CDC), cheque especial, cartão de crédito, entre outros;, destacou. O consignado tem taxas mais atrativas e é aconselhável quando trocado por dívidas mais caras. ;Os servidores são muito procurados pelos bancos porque, além do salário alto, têm estabilidade;, disse.