Apesar de, em média, os juros no Brasil terem atingido o menor patamar do ano, em 24,1% em setembro, algumas modalidades de crédito oferecidas pelos bancos ficaram mais caras para os consumidores no mês. De acordo com o Banco Central (BC), as cobranças do rotativo do cartão de crédito e do cheque especial para pessoa física. Nas duas modalidades, as taxas passaram de 307,2% ao ano para 307,8% e de 306,9% para 307,6%, respectivamente.
A alta do cheque especial ocorre após dois meses de queda, no momento em que a taxa básica de juros, Selic, se encontra no menor patamar histórico, 5,5% ao ano. No acumulado do ano, o rotativo do cartão de crédito atingiu 285,4% ao ano, alta de 22,4 pontos percentuais. A taxa do cheque especial, por outro lado, recuou cinco pontos percentuais, atingindo 312,6% ao ano.
O rotativo regular, aplicado quando o cliente paga o valor mínimo da fatura, avançou 1,3 ponto percentual, ficando em 290,2% ao ano ante 288,9% do mês anterior. Na modalidade não regular, em que o cliente não paga o mínimo da fatura, os juros variaram de 319,7% ao ano, em agosto, para 319,5%, em setembro. Já a taxa de juros do cartão de crédito parcelado teve alta mensal de um ponto percentual, 178,3% ao ano no mês passado.
Para o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, a alta do cheque especial pode ser explicada pela oferta de linhas de crédito alternativas sem reduzir os limites de cheque especial, quanto da ampliação da base de clientes. ;A ideia é que as pessoas utilizem pelo menor tempo possível e saiam dessa linha de forma rápida, buscando melhor planejamento;, recomendou.
Crédito pessoal
As operações de crédito pessoal, registraram queda na taxa de juros, de 43,1% ao ano, em agosto, para 41,5%, no mês passado. A taxa no crédito pessoal não consignado também apresentou recuo de 3,7%, caindo de 116,6% para 112,9%. É o quarto mês consecutivo de queda. O crédito consignado, modalidade em que há desconto direto no contracheque e que oferece o menor custo para o consumidor, alcançou a menor taxa da série histórica, indo de 22,3% para 21,4%.
O Indicador de Custo de Crédito (ICC) caiu 0,1 ponto percentual na comparação de setembro com agosto, ficando em 18,5% ao ano. O índice é reflexo do volume de juros pagos pelos consumidores e empresas em reais, ou seja, a taxa de juros média efetivamente paga nas operações de crédito. O cálculo é feito pela divisão de todo o estoque de operações pelo próprio estoque.
Spread
De acordo com o Banco Central, a inadimplência total se manteve estável em 3%. Nas operações com recursos livres a taxa mostrou leve variação negativa de 0,1%, ficando em 3,9%. Pessoas físicas seguem com uma maior inadimplência, de 4,9%, alta de 0,1% em relação ao mês anterior. Entre as empresas, o percentual passou de 2,8% para 2,9%.
O spread bancário médio de pessoas físicas é a diferença entre o custo de captação do dinheiro, que é o que o banco paga ao cliente para deixar o dinheiro em conta-corrente, poupança ou outro investimento, e aquele cobrado nos empréstimos bancários, passou de 45,5 ponto percentual para 45 na variação mensal.
Para pessoas jurídicas, o spread médio recuou de 12,8 ponto percentual para 12, em setembro. Enquanto no crédito livre, a taxa foi de 31,6 pontos percentuais para 30,8, no crédito direcionado, passou de 6,4 pontos percentuais para 6,1. Já na reunião das duas categorias, spread médio do crédito total caiu levemente de 20,7 ponto percentual para 20,2.
- Nas alturas
Veja a evolução dos juros (Em % ao ano)
Cheque especial Rotativo cartão de crédito
Dez/17 323,0 332,1
Jan/18 324,7 329,2
Fev/18 324,1 331,7
Mar/18 324,7 334,9
Abr/18 321,0 328,0
Mai/18 311,9 302,7
Jun/18 304,9 291,8
Jul/18 303,2 272,6
Ago/18 303,2 274,4
Set/18 301,4 279,1
Out/18 300,4 275,7
Nov/18 305,7 279,8
Dez/18 312,6 285,4
Jan/19 315,6 286,9
Fev/19 317,9 295,5
Mar/19 322,7 299,4
Abr/19 323,3 298,6
Mai/19 320,9 299,8
Jun/19 322,2 300,1
Jul/19 318,7 300,3
Ago/19 306,9 307,2
Set/19 307,6 307,8