No último domingo (20), pousou em Sydney, na Austrália, procedente de Nova York, o voo mais longo e sem escalas da história. A viagem do QF7879, ainda experimental, feita pela companhia aérea Qantas, durou 19h16min e foi para um grupo pré-selecionado pela empresa, de 49 pessoas ; a maioria era de funcionários da empresa.
Também estavam no Boeing 787-9 profissionais de saúde, que tinham como tarefa monitorar os efeitos no corpo humano de voo tão longo. Cientistas de duas universidades australianas acompanharam a viagem para observar como os passageiros dormiam e se alimentavam, além de controlar o nível de melatonina, o conhecido hormônio do sono.
Como o grupo era pequeno, todos se acomodaram nas poltronas espaçosas da classe executiva. Os passageiros foram orientados a tentar acostumar o corpo ao fuso horário australiano e puderam, assim como fez a tripulação, fazer alguns alongamentos durante o percurso, para minimizar o cansaço. Para estimulá-los a driblar o sono até que chegasse o momento do ajuste ao fuso de Sydney, foram usados recursos como luzes acesas, cafeína e até comida apimentada.
Alerta com a saúde
Os pilotos tiveram sensores instalados em seu corpo para medir a atividade cerebral e o estado de alerta. A Associação de Pilotos Australianos e Internacionais (AIPA) está atenta à evolução do plano da Qantas e pediu um estudo sobre os efeitos desse tipo de voo na tripulação no longo prazo. A companhia aérea declarou que os voos experimentais são apenas um dos aspectos da pesquisa sobre a viabilidade das viagens ultralongas.
O voo entre Nova York e Sydney foi o primeiro de três que servirão para que a empresa australiana avalie a viabilidade das viagens ultralongas, para a criação de linhas comerciais regulares. Já está definido que a Qantas vai testar esse tipo de viagem entre Londres e Sydney.
O CEO da Qantas, Alan Joyce, comemorou a execução da viagem ultralonga. "É o primeiro de três voos experimentais, com os quais veremos que recomendações podem ser feitas sobre como administrar o cansaço dos pilotos, assim como a questão do fuso horário para os passageiros", declarou, assim que desembarcou em território australiano. "Depois de 19 horas neste voo, acho que fomos bem. Tenho a impressão de que estava em um voo muito mais curto que este", completou.
No tanque
Em um voo como esse, além do cansaço da equipe e dos passageiros, há o desafio do combustível. No caso do Boeing 787-9, que decolou na sexta-feira à noite do Aeroporto JF Kennedy, o peso transportado foi reduzido, o que permitiu o embarque de uma quantidade suficiente de combustível para os 16 mil quilômetros de trajeto.
Segundo o site especializado flightradar24.com, o avião decolou com o peso de 233 toneladas. Desse total, 101 toneladas eram apenas de combustível. A operação foi muito bem calculada. Os quatro pilotos a bordo se revezaram em sistema de turnos.