Jornal Correio Braziliense

Economia

Balança de setembro foi afetada pela fraqueza da economia mundial, mostra FGV

O aumento da tensão com a guerra comercial entre China e Estados Unidos, somado à incerteza sobre o desfecho do Brexit e a crise argentina afetaram o desempenho da balança comercial brasileira em setembro, segundo avalia o Indicador de Comércio Exterior (Icomex), divulgado nesta sexta-feira, 18, pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Na comparação, em valor, entre setembro de 2018 e o mesmo mês de 2019, as exportações recuaram 2,3% e as importações cresceram 16,8%. No acumulado do ano até setembro, as exportações caíram 5,6% e as importações, 1,3%. O saldo da balança comercial foi de US$ 33,6 bilhões, um valor inferior ao acumulado no ano até setembro de 2018, US$ 41,7 bilhões. Se por um lado houve queda na venda de minério de ferro e soja, muito em função de menores compras da China, as exportações de petróleo se destacaram e aumentaram 1,6% no mês passado. Também a exportação de milho brasileiro teve destaque em setembro, depois que os Estados Unidos tiveram problemas na safra do produto. Quarta maior exportação brasileira no mês passado, se excluídas as plataformas de petróleo, o milho teve vendas 94% maiores em volume e alta de 85% no valor obtido nas vendas externas, "com vendas até para o México", destacou a FGV, sobre o mercado abastecido normalmente pelos EUA. Do lado das importações, sem considerar plataformas de petróleo, o destaque foi o crescimento de 118% das compras de óleos combustíveis, cujo volume subiu 163%. "As importações aumentaram em todas as categorias de uso, exceto bens duráveis de consumo entre setembro de 2018 e 2019. O aumento em 19,7% nas compras de bens intermediários seria um indicador de melhora no nível de atividade da indústria de transformação, que deverá ser acompanhado", informa a FGV. A entidade destaca que mais uma vez as plataformas de petróleo fizeram a diferença na balança, assim como ocorreu no mês anterior. Com a exclusão das plataformas, as importações cresceram 4,7% e as exportações recuaram 10,1% na comparação mensal em valor. "As trocas nos fluxos de plataformas sugerem, portanto, operações de caráter contábil para adequação das novas normas do regime Repetro", explica a FGV, referindo-se ao regime aduaneiro especial de exportação e importação de bens. De acordo com a FGV, o impacto das plataformas nos dados do comércio exterior podem ser entendidos pelas informações de volume, que em setembro registraram aumento de 1,5% nas exportações e de 25,3% nas importações. Excluídas as plataformas, as exportações teriam queda de 6,6% e as importações subiriam apenas 12,3%. No acumulado do ano, as exportações recuam 1,1% e as importações, 2,4%. Sem as plataformas, calcula a FGV, os percentuais são de queda de 0,5% para as exportações e aumento de 4,8% nas importações. Em setembro, o Brasil registrou queda nas exportações para os Estados Unidos, China e Argentina, enquanto aumentou em 50% as exportações para a União Europeia, impulsionadas pelas plataformas de petróleo. A crise argentina levou a uma retração nas vendas de automóveis, mas, em setembro, as exportações de automóveis para o México aumentaram em 123%, compensando o recuo de vendas para o país vizinho.