A falta de clareza sobre a privatização da Eletrobras impede a chinesa State Grid de avaliar se pretende participar de uma eventual privatização da estatal, afirmou nesta quinta-feira, 17, o presidente da empresa no Brasil, Chang Zhonjiao. Ele não descartou, porém, avaliar a oferta do governo quando for concretizada.
Ele confirmou que a estatal asiática estará no leilão de linhas de transmissão, em dezembro, setor que concentra os investimentos da companhia que está no Brasil há 10 anos.
"Temos interesse em aquisições se tiverem em conformidade com os planos do grupo, não temos muitos detalhes, mas se for em conformidade com o nosso plano de expansão, por que não?", disse Zhonjiao referindo-se a possível privatização da Eletrobras, prevista para 2020.
O executivo participou nesta quinta-feira de cerimônia do lançamento do primeiro relatório de sustentabilidade editado pela State Grid fora da China.
Ele ressaltou que todas as informações que possui sobre a venda da Eletrobras vem da imprensa e que a questão do modelo de venda ainda terá que ser debatida no Congresso Nacional. "O Congresso ainda está discutindo qual modelo será, não há detalhes, então continuo dizendo que não existe ideal pra gente, um modelo único que aceitamos, precisamos de detalhe para começar a pensar", explicou.
Investimentos
Desde 2010, a State Grid já investiu US$ 12,4 bilhões no Brasil, 60% de todos os investimentos feitos no mundo. Esta semana, entrou em operação o maior projeto brasileiro da companhia, o segundo bipolo da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, onde foram investidos R$ 8,7 bilhões para trazer energia no norte do País até o Rio de Janeiro, no município de Paracambi.
O "linhão de Belo Monte" tem 2.539 quilômetros e atravessa os Estados do Pará, Tocantins, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro, com capacidade para transmitir 4 mil megawatts.
"Este é maior projeto de linha de transmissão de alta tensão do mundo", disse Zhonjiao, comemorando a entrada oficial da operação esta semana depois da liberação do Operador Nacional do Sistema (ONS).
A empresa conseguiu antecipar o projeto da segunda linha de transmissão de Belo Monte em cinco meses e considerou o processo de licenciamento "razoavelmente tranquilo".
Para a construção da linha foi necessário desviar de aldeias indígenas e quilombolas, comunidades onde a empresa também desenvolve projetos econômico-sociais.