Após encerrarem a manhã desta quarta-feira perto da estabilidade, os juros futuros retomaram à tarde o que é considerado o movimento "natural" das taxas e passaram a cair, para encerrarem a sessão regular em novas mínimas históricas, considerando os contratos mais líquidos negociados na B3. O impulso para o alívio nos prêmios veio da melhora no câmbio, uma vez que o dólar se firmou em baixa na etapa vespertina, e das apostas mais agressivas de corte da Selic. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou na mínima de 4,888%, de 4,910% na terça no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021, em 4,52%, de 4,607% no ajuste. O DI para janeiro de 2023 fechou com taxa de 5,50%, de 5,630%, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 6,321% para 6,21%. O volume de contratos, que ao longo do dia era morno, foi reforçado a partir da última hora de negócios.
"A melhora do mercado teve a ver com a perda de força do dólar, que vinha muito pressionado nos últimos dias, e deu alívio para juros", afirmou o trader de renda fixa da Quantitas Asset, Matheus Gallina. O dólar à vista fechou em baixa de 0,25%, aos R$ 4,1537.
Outro fator que repercutiu nas mesas, segundo os profissionais, foi a revisão da Itaú Asset para a Selic, que tem agora a aposta mais baixa do mercado. A instituição vê a taxa básica terminando este ano em 4,0% (ante 4,75%) e o ano que vem em 3,75% (de 4,50% anteriormente). Para o IPCA, a expectativa é de que alcance 3,3% neste ano, de 3,4% anteriormente, e 3,6% em 2020 ante 3,7%.
Vitor Carvalho, sócio-gestor da LAIC-HFM, destaca que não somente o cenário para a inflação autoriza maior exposição ao risco como também o noticiário, que, "em linhas gerais", diz, tem ajudado. Entre as boas notícias, está a aprovação do projeto de divisão dos recursos da cessão onerosa, terça no Senado, que abre caminho para a votação da reforma da Previdência em segundo turno no plenário no dia 22. Ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o relator da reforma da Previdência, Tasso Jereissati (PSDB-CE), reforçou a expectativa de que o Senado conclua a votação sem nenhuma alteração.
Pela manhã, as taxas estiveram de lado, monitorando o câmbio, as questões políticas envolvendo o PSL e o exterior. A guinada do IGP-10 de outubro (0,77%), ante queda de 0,29% em setembro e acima da mediana das estimativas (0,74%), traz alguma apreensão sobre o pass through do câmbio do atacado para o varejo, uma vez que a abertura mostrou inflação de bens intermediários e insumos bem pressionada. "Isso ajudou a conter a melhora do DI pela manhã", disse Carvalho.
Por outro lado, o IPC-S caiu 0,01% na segunda quadrissemana de outubro. Estagnado com variação zero nas duas últimas divulgações, o indicador teve a primeira deflação desde a última quadrissemana de junho. O coordenador do índice, Paulo Picchetti, reduziu a projeção para o indicador em outubro de alta de 0,10% para taxa zero.