Durante entrevista sobre a redução da taxa de juros para financiamento imobiliário, o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, afirmou que o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, são contrários a dividir a gestão do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), atualmente monopólio da Caixa.
;O presidente Bolsonaro e o ministro Guedes dizem que o Brasil é um só, em especial dos mais pobres;, afirmou Guimarães. ;O chefe do governo é Jair Bolsonaro, e ele está 100% alinhado com a Caixa, que pode chegar a todos os lares.; O banco público recebe taxa de 1% para administrar os quase R$ 550 bilhões do FGTS. Segundo ele, a Caixa estuda a possibilidade de redução desta taxa.
Os comentários de Guimarães surgem na esteira de articulações, dentro do Congresso Nacional, para que a gestão do FGTS seja aberta a outras instituições financeiras. Ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) criticou o monopólio e disse que a negativa do Executivo de alterar a gestão do fundo vai contra o discurso liberal do governo.
;O que eu acho estranho é que a Caixa diz que vai ter um recorde, maior que o lucro do Bradesco, e quer se apegar a R$ 7 bilhões ou R$ 8 bilhões que vem tomando dos trabalhadores há muitos anos para administrar esse recurso;, afirmou Maia.
Para Guimarães, o fim do monopólio pode prejudicar municípios menores, porque haveria interesse de outros bancos apenas em operar em cidades maiores, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. ;Existem 50 municípios do Brasil em que haverá competição (para gerir o FGTS). Tenho muita dúvida se haverá qualquer competição em outros 4 mil municípios;, disse.
Maia defende que o dinheiro do FGTS seja administrado da melhor forma possível para que dê rentabilidade ao trabalhador. ;O que nós queremos discutir é um monopólio da Caixa que gera prejuízo ao trabalhador, vem gerando nos últimos 10 ou 12 anos no mínimo. Queremos abrir o debate, esse monopólio gera um bom resultado para o trabalhador ou não?;, questionou.