As bolsas da Europa terminaram sem direção única o pregão desta quinta-feira, 3, após o anúncio de que os Estados Unidos vão impor tarifas sobre importações da União Europeia (UE), que amplia as tensões em relação ao comércio mundial, e também pressionadas por temores de desaceleração.
Na Bolsa de Londres, o FTSE 100 cedeu 0,635, a 7.077,64 pontos, enquanto o CAC 40, em Paris, avançou 0,30%, a 5.438,77 pontos. Em Milão, o FTSE MIB subiu 0,06%, para 21.311,51 pontos, mas, na Bolsa de Madri, o Ibex 35 recuou 0,11%, a 8.902,20 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 apresentou queda de 0,34%, a 4.865,83 pontos.
Devido a um feriado local, o DAX, na Bolsa de Frankfurt, não operou.
A queda no índice de atividade do setor de serviços dos EUA medido Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês), divulgada já no fim do pregão europeu, levou o indicador ao menor nível em três anos e "sugere que a fraqueza no país não está mais apenas isolada no setor industrial", destacam analistas do Wells Fargo.
Os temores de desaceleração global, que já impactavam o mercado, se acentuaram, ainda após o índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria e serviços da zona do euro cair ao menor nível desde junho de 2013.
Investidores também repercutem a decisão dos EUA de impor tarifas a US$ 7,5 bilhões em importações da UE, anunciada na quarta-feira, 2, após uma decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) garantir a autorização de retaliação a Washington por subsídios dados pelo bloco europeu à Airbus.
O caso é parte de uma disputa entre a fabricante de aeronaves francesa e a Boeing, que será julgado em separado pela OMC no início do próximo ano. A UE alertou que, caso as tarifas entrem em vigor em 18 de outubro como previsto, vai retaliar a medida.
"Estamos falando de um aumento de 10% no preço de alguns produtos e 25% em outros, portanto cerca de US$ 1 bilhão no total, em uma economia conjunta EUA-UE de mais de US$ 40 trilhões", calcula o estrategista sênior do Rabobank Michael Every. "Na pior das hipóteses, será o dobro quando a UE responder as tarifas", acrescenta.
A pressão sobre os mercados foi aliviada em parte pelas bolsas em Nova York que, após sofrerem perdas na esteira de indicadores decepcionantes, recuperaram o fôlego na expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) tome medidas adicionais de estímulo, como um corte de juros já em outubro.