Jornal Correio Braziliense

Economia

Juros em queda e agronegócio animam setor de caminhões

Crescimento de 41,4% nas vendas neste ano pode superar 50% até dezembro com o reaquecimento da economia e perspectivas mais positivas para o país em 2020



São Paulo ; Se existe um setor que está rindo à toa, sem dúvida é o de caminhões. Embalado pela alta de 41,4% nas vendas e de 13,1% na produção entre janeiro e agosto deste ano, na comparação com o mesmo período de 2018, segundo a associação das montadoras, a Anfavea, o mercado já projeta fechar o ano com o melhor desempenho em mais de uma década.

;As empresas estão substituindo os serviços terceirizados de transportes por frotas próprias de caminhões. Isso tem acontecido porque o preço mínimo do frete elevou muito o custo desses serviços;, disse o técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Leonardo Mello de Carvalho. ;É um resultado surpreendente em meio a uma atividade econômica ainda bastante lenta.;

O ritmo de mercado de veículos de transporte tem ajudado, inclusive, a puxar para cima os indicadores de investimentos no país. Pelos cálculos do Ipea, entre abril e maio, eles aceleraram no acumulado em 12 meses, de uma alta de 2,7% para 4,2%. No ano passado, o indicador registrou aumento de 4,1%. Isso porque, a reboque dos caminhões, tem a expansão do segmento de máquinas e equipamentos. Carvalho afirma que houve alta de 7,7% entre janeiro e maio de 2019. ;Houve um efeito positivo também do agronegócio, mais especificamente do transporte de grãos para fins de exportação;, acrescenta.

Nos bastidores, as montadoras já dão como certo um crescimento acima de 50%, graças ao ambiente positivo gerado pela queda dos juros e expansão dos negócios no campo. ;O segmento de transporte tende a se aquecer nesses últimos meses do ano, dadas as perspectivas mais positivas para o país em 2020;, diz o economista Thiago Mendes de Carvalho, da Fundação Getulio Vargas.

Além disso, há uma demanda represada pela crise dos últimos anos. ;Estamos numa curva de crescimento no Brasil, puxado sobretudo pelo agronegócio, que, com a reação na economia, começou a renovar as frotas que já estavam com mais de sete anos de uso;, disse Ari de Carvalho, diretor de Vendas da Mercedes-Benz do Brasil, durante apresentação de uma nova linha Actros, de caminhões extrapesados.

Prova disso, segundo Carvalho, é o próprio desempenho do Banco Mercedes-Benz, que encerrou o período de janeiro a agosto de 2019 com crescimento de 45% no volume financiado na comparação ao mesmo período de 2018. O volume total atingiu R$ 3,456 bilhões, contra R$ 2,387 bilhões em 2018. Esse valor engloba automóveis, vans, caminhões e ônibus da marca.

O crescimento do mercado de caminhões, no entanto, foi o principal responsável pelo aumento no volume de novos negócios, representando metade desse montante. Neste segmento, a instituição contabilizou alta de 77% nos primeiros oito meses do ano, somando R$ 1,747 bilhão, ante R$ 986 milhões registrados no mesmo intervalo de 2018;, disse Christian Schüler, presidente do Banco Mercedes-Benz.

Líderes

De acordo com a entidade que representa as concessionárias, a Fenabrave, o mercado de caminhões é liderado pela Mercedes-Benz, com 2.863 caminhões emplacados em julho, número que garantiu participação de 31,91% no mercado e 17.577 caminhões emplacados de janeiro a julho de 2019, número que garantiu à marca uma participação total de 31,46%. Na segunda colocação está a VW Caminhões e Ônibus, com 2.189 caminhões emplacados em julho (participação de 24,32%) e 13.094 emplacamentos de janeiro a julho (participação de 23,44%).

A sueca Volvo ocupa a terceira posição no ranking da Fenabrave, com 1.373 caminhões emplacados em julho (participação de 15,25%) e 8.501 emplacamentos nos sete meses de 2019 (participação de 15,22%). A Scania, que iniciou a comercialização da nova geração apenas no fim de fevereiro, ocupava a quarta posição no mercado nacional. Segundo a Fenabrave, a marca sueca emplacou 1.241 caminhões em julho (participação de 13,79%) e 6.988 no acumulado do ano (12,51%).