O movimento moderado de alta dos juros não se sustentou ao longo da tarde, na medida em que os trâmites para aprovação da reforma da Previdência foram evoluindo no Senado e diante do enfraquecimento do dólar. No fechamento da sessão regular, as taxas estavam de lado, com viés de baixa. A nova versão do relatório do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) foi aprovada por 17 votos a 9 na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e a expectativa é de que passe pelo plenário ainda nesta terça, sem alterações que comprometam a potência fiscal, estimada em R$ 870 bilhões pelo governo.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 4,960%, de 4,949% na segunda no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 encerrou em 6,04%, de 6,051%. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 6,671% para 6,64% (mínima). O DI para janeiro de 2027 voltou a fechar com taxa abaixo de 7%, em 6,99%, de 7,001% no ajuste.
A aprovação da reforma da Previdência pelo Senado já está há algum tempo embutida no preço dos ativos. Porém, após a frustração na semana passada com o adiamento da votação da PEC para esta semana, pela manhã o mercado ficou meio ressabiado ante um risco de novo atraso no processo, além de cautela com a possibilidade de alterações que pudessem comprometer a potência fiscal. A postura defensiva embutiu prêmio de risco à curva e as taxas subiram, também alinhadas ao dólar que, na primeira etapa, chegou novamente perto dos R$ 4,19.
No fim da manhã, porém, o avanço das taxas foi perdendo força, tanto porque o texto do Senado avançava, quanto por um fator externo. O índice de atividade industrial dos Estados Unidos, medido pelo ISM, caiu para 47,8 em setembro, o pior resultado desde junho de 2009, reforçando o receio de recessão no país, o que exigiria uma política monetária ainda mais relaxada por parte do Federal Reserve. As taxas então foram para as mínimas, acompanhando o rendimento dos Treasuries, mas buscaram novos pisos à tarde.
"O dólar esteve forte ante as demais moedas, então a curva subiu bem de manhã, principalmente a parte longa e as NTN-B, mas aliviou ao longo do dia. Pontos importantes da reforma, como é o caso da emenda do abono, com impacto de quase R$ 80 bilhões, foram caindo", disse o trader do Sicredi Asset, Cassio Andrade Xavier. Ele se refere à emenda que buscava manter o abono salarial a todos os trabalhadores que recebem até dois salários mínimos, que poderia reduzir a economia em um período de dez anos em R$ 76,4 bilhões, conforme cálculos apresentados pelo governo.
O governo acredita ter entre 56 e 60 votos para aprovar a reforma nesta terça no plenário do Senado, acima dos 49 necessários. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse que quer finalizar a votação até as 22h. "Os senadores vão montar calendário para votar o 2º turno da Previdência até 15/10", disse ainda.