O último dia do trimestre terminou com o dólar estável. Mas os três meses que se encerram nesta segunda-feira começaram com a moeda americana em R$ 3,84 e terminaram com a divisa em R$ 4,15, uma valorização de 8,1%. Com isso, o real ficou com um dos piores desempenho entre emergentes, embora em setembro o ritmo de depreciação tenha se reduzido, em meio ao progresso as negociações comerciais entre Estados Unidos e China. No acumulado do mês, o dólar subiu 0,31% após avançar 8,45% em agosto e recuar 0,53% em julho.
Nesta segunda-feira, declarações de parlamentares em Brasília de que a reforma da Previdência vai mesmo ser votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta terça e no plenário da casa nesta terça ou quarta-feira fizeram a moeda americana passar a cair, testando mínimas a R$ 4,14. Pela manhã, na máxima, foi a R$ 4,17 em meio à disputa pelos investidores pela definição da Ptax, referencial usado em contratos de câmbio e balanços. No final do dia, a queda se reduziu, com os agentes esperando as votações.
"A questão que preocupava o mercado era se haveria novos atrasos, se o cronograma de votar o texto até o dia 10 será cumprido e pelas declarações de hoje, parece que sim", disse o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello. Para ele, se o texto for votado em plenário esta semana, o dólar pode até recuar um pouco mais, na medida em que o adiamento da votação causou estresse no mercado de câmbio. Ao mesmo tempo, se houver novas postergações, as cotações podem se estressar novamente.
No trimestre que se encerra nesta segunda, as movimentações dos grandes investidores no mercado futuro de câmbio, que no Brasil determina os preços do mercado à vista, mostram que as apostas contra o real aumentaram de forma considerável. Os investidores institucionais, principalmente fundos de investimento, cortaram em US$ 8 bilhões as posições vendidas em dólar, que ganham com a queda da moeda americana, de acordo com levantamento dos estrategistas do Rabobank. Já os estrangeiros aumentaram as posições compradas, que ganham com a valorização da moeda americana, em US$ 12 bilhões desde o final de junho.
No terceiro trimestre, o Rabobank calcula que o Banco Central injetou US$ 13 bilhões no mercado à vista, considerando as operações feitas até o último dia 24. Em meio aos efeitos da maior incerteza da economia mundial e de novos catalisadores para o mercado local de câmbio, a avaliação do Rabobank é que o BC deve seguir com vendas de dólares no mercado à vista pela frente. No final do ano, por conta de necessidades sazonais de empresas e fundos, as remessas para o exterior devem aumentar, o que vai pressionar ainda mais o câmbio, pois os agentes vão querer dólar à vista.